Bombardeio da sede do MOVE
Casas destruídas no bairro de Cobbs Creek, Filadélfia, após a polícia bombardear a sede do movimento negro MOVE. Pensilvânia, Estados Unidos, 13 de maio de 1985.
Fundado na Filadélfia em 1972, o MOVE era um movimento negro de inspiração anarco-primitivista, crítico do capitalismo e da revolução tecnológica. O grupo combinava ideologia revolucionária, inspirada pelos Panteras Negras, ativismo ambiental e em defesa dos animais, além do conceito de "regresso à natureza". Não demorou para que o grupo atraísse a desconfiança das autoridades estadunidenses, passando a ser alvo constante de vigilância e repressão. Confrontos com a polícia se tornaram frequentes , sobretudo após um incidente em 1978 que resultou na prisão de nove membros do grupo.
Desde o início dos anos oitenta, o MOVE havia estabelecido sua sede no bairro de Cobbs Creek, uma área residencial predominantemente habitada por afro-americanos na Zona Oeste da Filadélfia. Em 13 de maio de 1985, o Departamento de Polícia da Filadélfia enviou um grupo de 500 policiais para o bairro, para executar mandados de prisão contra integrantes do MOVE. O grupo se recusou a sair e a polícia passou a atacá-los com bombas de gás lacrimogênio. Membros armados do grupo reagiram ao ataque, seguindo-se um intenso tiroteio.
Após utilizar mais de dez mil cartuchos de munição contra o grupo, o comissário de polícia, Gregore J. Sambor, ordenou que a sede fosse bombardeada. Um helicóptero da Polícia Estadual da Pensilvânia jogou um quilo de bombas de nitrato de amônio sobre a sede da organização. As bombas foram cedidas pelo FBI - Departamento Federal de Investigação. Os dispositivos atingiram um gerador movido a gasolina que se encontrava no telhado do edifício, aumentando o potencial destrutivo da explosão, que danificou boa parte do bairro e gerou um incêndio que se expandiu por dezenas de imóveis. Centenas de pessoas ficaram feridas. Dentro da sede do MOVE, seis adultos e cinco crianças, com idades entre 7 e 13 anos, morreram no ataque. Ao todo, 65 casas do bairro foram destruídas.
A violência e utilização desproporcional da força gerou críticas na imprensa. Uma comissão da Filadélfia concluiu que as ações da polícia foram "negligentes", mas nenhuma acusação criminal foi registrada contra os agentes. Os únicos presos foram os membros do MOVE que sobreviveram ao ataque.
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