Fidel Castro e Malcolm X
O encontro entre Fidel Castro e Malcolm X no Hotel Theresa, no Haarlem, Nova York, em 24 de setembro de 1960.
Fidel Castro viajou com sua delegação para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. O governo dos Estados Unidos, entretanto, ressentido com o desfecho da Revolução Cubana, que havia retirada a ilha caribenha de sua esfera de influência, não poupou esforços para criar problemas. Servidores do Departamento de Estado pressionaram o Hotel Shelburne em Manhattan a cancelar as reservas feitas pela delegação cubana. Os demais hotéis nova-iorquinos, influenciados pelo sentimento anti-cubano insuflado pela imprensa local, também negaram hospedagem aos visitantes.
Fidel Castro e a delegação cubana já se preparavam para dormir em barracas no jardim da sede da ONU quando um grupo de ativistas afro-americanos ligados a Malcolm X ofereceu uma alternativa. Convidaram Castro e sua delegação para se hospedarem no Hotel Theresa, no Haarlem, um reduto da comunidade afro-americana em Nova York. Castro aceitou o convite e sua hospedagem no Hotel Theresa se tornou um marco no estabelecimento de laços ideológicos e políticos entre os ativistas afro-americanos e os revolucionários cubanos.
O breve e histórico encontro entre o revolucionário marxista e o líder máximo do nacionalismo negro simbolizava igualmente o nascimento de uma nova era no pós-segunda guerra, marcada pela proliferação do ativismo progressista. Não foi difícil notar que qualquer que fosse a justa reivindicação - movimentos anticoloniais, ativismo em prol dos direitos civis das minorias, luta contra o imperialismo - eram sempre os Estados Unidos, os países da Europa Ocidental e os representantes do capitalismo monopolista que se posicionavam como antagonistas. Castro e Malcolm X conversaram sobre as demandas dos afro-americanos e afro-cubanos. Conversaram sobre Patrice Lumumba, racismo e obstáculos comuns às suas lutas. Compartilharam pensamentos e visões de mundo. Sobre as relações entre Estados Unidos e Cuba, Malcolm X pontuou: "Se o Tio Sam está te perseguindo, é porque você é um bom homem".
Malcolm X lamentou a ausência de Che Guevara, a quem se referiu como "um dos maiores revolucionários da história", e rebateu as críticas ao encontro feitas por anti-castristas. Ele também impediu que um grupo de opositores de Castro realizasse um protesto em frente ao hotel e solicitou a seus companheiros que ficassem de guarda nos arredores para proteger a comitiva cubana. Ainda no hotel, Malcolm afirmou: "Não vai ter nenhum anti-castrista aqui hoje - nós os expulsaremos. Eles que lutem contra a Ku Klux Klan, ou contra o Conselho dos Cidadãos Brancos. Eles que gastem um pouco dessa energia arrumando a própria casa. Não venham aqui no Haarlem nos dizer quem nós deveríamos ou não deveríamos aplaudir. Ou logo haverá menos anti-castristas no mundo".

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