"Gloriosa Vitória", de Diego Rivera

"Gloriosa Vitória". Pintura a têmpera sobre tela produzida em 1954 pelo artista mexicano Diego Rivera. Acervo do Museu Pushkin, Moscou, Rússia.

A obra faz referência ao Golpe de Estado de 1954 na Guatemala. No dia 18 de junho, iniciou-se na Guatemala uma rebelião de uma milícia armada fomentada pelos serviços secretos norte-americanos que resultaria na queda do governo democraticamente eleito de Jacobo Arbenz Guzmán, nove dias depois. O objetivo do golpe era impedir a reforma agrária proposta por Guzmán e a consequente expropriação de terras não exploradas pertencentes à United Fruit Company, multinacional norte-americana que se dedicava à monocultura de banana no país. Após a derrubada do governo guatemalteco por milicianos treinados pela CIA, uma junta militar liderada pelo coronel Castillo Armas assumiu o poder, sendo imediatamente reconhecida pelo governo dos Estados Unidos.

Ao centro da pintura, Rivera retratou o secretário de estado norte-americano, John Foster Dulles, apertando a mão do coronel Castillo Armas, selando o acordo do golpe. Dulles apoia a mão esquerda sobre um míssil que possui a face do presidente dos Estados Unidos, Dwight. D. Eisenhower. Outras autoridades norte-americanas cercam a dupla, incluindo Allen Dulles, diretor da CIA, e John Peurifoy, embaixador dos Estados Unidos na Guatemala, além de militares guatemaltecos. As figuras têm os bolsos cheios de maços de dólares. O grupo está dividido entre uma rebelião armada à direita e o trabalho escravo nas plantações de banana à esquerda. Deitados sobre o chão, os corpos de crianças e adultos, indígenas e camponeses vitimados pela repressão da ditadura de Castillo Armas.

O poeta chileno Pablo Neruda, ao denunciar o golpe, cunhou a expressão "repúblicas bananeiras", em referência às repúblicas da América Central, onde os interesses econômicos das empresas norte-americanas tinham primazia em relação aos valores democráticos e o respeito aos direitos humanos.