Golpe de Estado no Chile
O Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, é bombardeado pelas Forças Armadas do Chile durante o Golpe de Estado que depôs e assassinou o presidente Salvador Allende. Santiago do Chile, 11 de setembro de 1973. Comandada por Augusto Pinochet e perpetrada com apoio dos Estados Unidos, a quartelada instaurou uma das ditaduras militares mais sangrentas da América Latina.
Candidato pelo Partido Socialista, Salvador Allende venceu a eleição presidencial chilena de 1970, derrotando o conservador Jorge Alessandri. Embora sua plataforma eleitoral não incluísse transformações profundas na estrutura política e econômica do Chile, as reformas sociais apoiadas por Allende, particularmente a reforma agrária, causaram extremo desconforto nas elites financeiras e nos setores mais reacionários da sociedade chilena, além da desconfiança do governo dos Estados Unidos, receoso com a possibilidade de expansão das ideias socialistas na América Latina. Tão logo a vitória de Allende foi confirmada, altos funcionários do governo estadunidense começaram a discutir meios de impedir sua permanência na presidência.
Para derrubar o governo de Allende, os Estados Unidos passaram a financiar organizações terroristas de extrema-direita, como o grupo neofascista Patria y Libertad, que recebeu apoio logístico e consultoria estratégica da CIA, a Agência Central de Inteligência do governo estadunidense. Setores sediciosos do exército e da marinha chilena também passaram a se rebelar contra o governo de Allende. Lideranças militares legalistas, tais como o comandante da marinha Arturo Araya, foram assassinados para permitir a subversão da cadeia de comando. Atentados terroristas organizados pela extrema-direita eclodiram nas cidades chilenas, na chamada "noche de las mangueras largas", com o objetivo de gerar instabilidade política e justificar a intervenção dos militares. O governo Allende, entretanto, recusou-se a decretar estado de sítio.
Carlos Prats, comandante das Forças Armadas, foi obrigado a renunciar ao posto, sendo substituído pelo general Augusto Pinochet, que até então fingia lealdade a Allende. Na véspera do golpe, militares chilenos e estadunidenses se encontraram durante um suposto exercício naval. Em meio às manobras, a armada chilena tomou de assalto a cidade de Valparaíso, enquanto as tropas estadunidenses ficaram de prontidão para intervir no país caso ocorresse tentativa de resistência ao golpe. Um avião WB-575 com uma central de telecomunicações da Força Aérea dos Estados Unidos sobrevoava o Chile, apoiado por 33 caças e aviões de observação, estacionados na base aérea de Mendonza.
Militares e carabineiros cercaram o Palácio de La Moneda, onde se encontrava Salvador Allende. As rádios chilenas, já dominadas pela Junta Militar, passaram a difundir mensagens exigindo que o mandatário renunciasse ao cargo e evacuasse a sede da presidência, alertando que o palácio seria atacado por tropas de terra e ar caso a ordem não fosse cumprida. Allende se recusou a renunciar ou deixar o palácio, dizendo estar disposto a "pagar com a minha vida a lealdade do povo". Às 11h52 da manhã do dia 11 de setembro, o palácio começou a ser bombardeado por aviões Hawker Hunter da Força Aérea chilena e atacado por tiros de metralhadoras dos veículos blindados estacionados ao redor do edifício. Allende ordenou que os funcionários evacuassem o prédio, mas permaneceu no interior do palácio, sendo assassinado no mesmo dia.
Logo após o ataque e invasão do Palácio de La Moneda, o general Augusto Pinochet assumiu o governo do país. O governo chileno foi então convertido em uma brutal ditadura que durou 17 anos, deixou mais de 40 mil mortos e desaparecidos, torturou e forçou centenas de milhares de chilenos ao exílio.
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