Ivan Sereda: o cozinheiro soviético que virou herói da Segunda Guerra Mundial
Se você tivesse que apostar quem venceria um embate onde de um lado há um tanque de guerra com canhão e metralhadora, cheio de soldados armados, e do outro há um cozinheiro com um rifle e um machado, dificilmente optaria por apostar no segundo. Mas saiba que se o cozinheiro em questão fosse Ivan Pavlovich Sereda, teria feito um péssimo negócio.
Ivan Sereda nasceu em 1º de julho de 1919 no vilarejo soviético de Oleksadrivka, hoje na Ucrânia, em uma família de camponeses. Na juventude, frequentou o Colégio Culinário de Donetsk, onde se graduou como cozinheiro, e sonhava em trabalhar nos restaurantes badalados de Moscou. A invasão da União Soviética pela Alemanha Nazista, entretanto, o obrigaria a alterar seu público alvo. Convocado pelo Exército Vermelho, Sereda passou a servir como cozinheiro no 91º Regimento de Veículos Blindados.
Numa determinada manhã de agosto de 1941, Sereda estava sozinho em um acampamento militar montado em uma clareira nos arredores da cidade de Dvinsk, na Letônia. Os soldados estavam treinando manobras e o deixaram preparando a refeição na cozinha do campo. Sereda viu um tanque se aproximando do acampamento e imaginou que teria de preparar mais comida para os visitantes inesperados. Foi quando ele notou que o tanque não era soviético - era alemão. Escondeu-se atrás de uma lona da cozinha, enquanto o tanque parava ao lado da tenda e quatro soldados nazistas saltavam do veículo para inspecionar o local.
Quando os alemães começaram a caminhar na direção do seu esconderijo, Sereda achou melhor partir para o "tudo ou nada". Agarrou o machado que usava para cortar lenha, empunhou seu rifle e saiu berrando como um maníaco, indo para cima dos nazistas. Imaginando que estivessem em menor número, os alemães correram de volta para o tanque, com o cozinheiro no encalço. Eles fecharam a escotilha e segundos depois começaram a disparar através da metralhadora coaxial. Mas Sereda já estava em cima do tanque, danificando o cano da arma a machadadas. Também tampou os visores do veículo, deixando os alemães às cegas.
Sereda passou a golpear incessantemente a escotilha do tanque com seu machado, conseguindo abri-la parcialmente, enquanto berrava para que os colegas trouxessem granadas para jogá-las dentro do blindado. A bem da verdade, ele estava sozinho - mas os alemães não sabiam disso e, receosos, resolveram se render. Sereda apontou o rifle e ordenou que saíssem do tanque vagarosamente, e que se atassem uns aos outros. Quando os soviéticos voltaram ao acampamento, encontraram o cozinheiro com o rifle em punho ao lado do tanque e uma fila de soldados nazistas rendidos e amarrados.
Sereda parece ter gostado da experiência de combater blindados. Semanas depois, quando sua divisão fugia da perseguição de um destacamento nazista, um tanque alemão parou do lado de uma moita onde ele estava escondido. Quando a escotilha se abriu para que os soldados nazistas saíssem para uma inspeção, ele jogou uma granada que matou parte dos ocupantes do veículo. Em seguida, ele subiu no tanque com seu fuzil e atirou nos que tinham sobrevivido, eliminando mais 12 soldados nazistas.
Por sua demonstração de coragem e heroísmo e pela "execução exemplar de missões contra os invasores nazistas", Sereda foi condecorado com a Ordem de Lênin e com a medalha da Estrela de Ouro, tornando-se oficialmente Herói da União Soviética. Após a guerra, Ivan exerceu o cargo de presidente do conselho da aldeia de Aleksandrovka, no Oblast de Donetsk, onde faleceu em 18 de novembro de 1950. Há um obelisco em Donetsk erguido em sua memória e uma placa memorial em sua cidade natal.

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