Kim Il-Sung
O premier Kim Il-Sung assina o Acordo de Armistício Coreano, auxiliado pelo general Nam-Il. Pyongyang, Coreia do Norte, 1953.
Em 1931, Kim se filiou ao Partido Comunista da China e passou a integrar grupos guerrilheiros anti-japoneses ativos no norte do país. Após o Incidente de Mukden - uma operação de bandeira falsa utilizada pelo Japão para justificar a ocupação da Manchúria - Kim se juntou ao Exército Unido Anti-Japonês do Nordeste, braço armado do Partido Comunista Chinês responsável por organizar ações de resistência contra a ocupação japonesa na Manchúria. Pouco tempo depois, Kim foi indicado para o cargo de comissário político de um destacamento militar, ocasião em que travou contato com Wei Zhengmin, superior imediato e mentor que exerceria forte influência sobre sua visão política.
Nomeado comandante da 6ª divisão em 1937, Kim liderou uma bem sucedida incursão em território coreano, derrotando os japoneses na Batalha de Pochonbo. A vitória de Kim e a subsequente libertação de Pochonbo alarmou os japoneses, que o incluíram em sua lista de "mais procurados", enviando tropas para capturá-lo a partir de 1940. Perseguido pelas tropas japonesas, Kim e seu exército se refugiaram na União Soviética, sendo integrados a uma unidade especial do Exército Vermelho e enviados para treinamento adicional em um campo militar em Vyatskoye. Kim progrediu rapidamente nos postos militares soviéticos, ascendendo ao cargo de major do Exército Vermelho, onde serviu até o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945.
Com a derrota do Japão na Segunda Guerra, a península da Coreia foi ocupada por tropas soviéticas e estadunidenses. As duas potências concordaram com a divisão da península ao longo do Paralelo 38, criando dois novos estados, a Coreia do Norte, aliada à União Soviética, e a Coreia do Sul, sob a esfera de influência dos Estados Unidos. Nomeado presidente da seção norte-coreana do Partido Comunista, Kim retornou à Coreia do Norte, desembarcando em Wonsan após 26 anos de exílio. Em 1946, a seção norte-coreana do Partido Comunista e o Novo Partido Popular se fundiram para formar o Partido do Trabalho da Coreia (PTC). Em 1946, Kim assumiu o cargo de presidente do Comitê Popular Provisório da Coreia do Norte. Com a fundação formal da República Popular Democrática da Coreia em 1948, Kim assumiu o cargo de primeiro-ministro, acumulado à função de secretário-geral do PTC.
Tão logo assumiu a liderança política da Coreia do Norte, Kim-Il-Sung iniciou uma série de reformas: instituiu a jornada de trabalho de 8 horas, nacionalizou a indústria de base, o sistema bancário e o setor de transportes, promulgou a reforma agrária, abolindo os latifúndios e redistribuindo as terras aráveis para os camponeses, instituiu o sistema universal de saúde pública e criou os programas para erradicação do analfabetismo e universalização do acesso à educação. Kim também fundou o Exército do Povo Coreano que, auxiliado pela China e pela União Soviética, resistiu durante três anos à violenta campanha militar conduzida pela coligação da Coreia do Sul, Estados Unidos e outras quinze nações capitalistas durante a Guerra da Coreia (1950-1953). Em 1953, o premier chancelou o Acordo de Armistício Coreano, obtendo o cessar-fogo e estabelecendo a Zona Desmilitarizada entre as duas Coreias, encerrando as hostilidades.
Após a guerra, Kim empreendeu um grande esforço de reconstrução do país, arrasado durante o conflito. Lançou um plano econômico quinquenal, aprofundando a coletivização da agricultura e expandindo a indústria de base. No campo internacional, Kim, assim como Mao Tsé-Tung, se opôs ao chamado "revisionismo" de Nikita Khrushchev e buscou o equilíbrio entre a colaboração com os regimes socialistas euroasiáticos e a independência política nacional, rechaçando a condição de "estado-satélite". Conseguiu debelar uma tentativa de golpe de Estado em 1956, procedendo em seguida ao expurgo das facções dissidentes do PTC.
Após a promulgação da constituição de 1972, Kim assumiu o cargo de presidente. Em 1977, instituiu o Juche (filosofia política baseada na ideia de centralidade das massas populares na condução da revolução) como ideologia oficial da Coreia do Norte. Esse período foi marcado por uma postura diplomática ambivalente, combinando algumas medidas de modernização e abertura (como o abandono das unidades de medida tradicionais em favor do sistema métrico e a maior aproximação com a União Soviética de Brejnev) com uma atitude de maior isolamento econômico - agravado por um prolongado período de estagnação econômica. Em 1980, Kim Il-Sung abdicou ao cargo de primeiro-ministro em favor de seu filho, Kim Jong-Il, embora tenha se mantido como chefe-de-Estado.
Seus últimos anos de governo foram marcados por medidas de transferência de poder ao seu filho e sucessor designado, a quem foi assinalada a presidência da Comissão de Defesa Nacional e o comando do das forças armadas. Kim Il-Sung também fez grandes investimentos em energia nuclear, visando compensar a escassez de energia, e iniciou o programa de enriquecimento de urânio, visando dotar o país da capacidade de fabricar artefatos nucleares, para assegurar sua independência política por meio de uma estratégia de dissuasão bélica.
Kim Il-Sung faleceu em 8 de julho de 1994, aos 82 anos, sendo sucedido no cargo de primeiro-ministro por seu filho, Kim Jong-Il. Ao longo de sua vida, o revolucionário coreano acumulou mais de 230 comendas e homenagens de 70 países, incluindo a Ordem da Bandeira Vermelha e a Ordem de Lenin (União Soviética), a Ordem da de Karl Marx (Alemanha Oriental) e a Estrela Dourada (Vietnã). Seu aniversário é comemorado com um feriado nacional na Coreia do Norte. Sua obra teórica soma mais de 10.800 textos, entre discursos, relatórios, livros e tratados.
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