Lenin (I)
Lenin discursando na Praça Vermelha. Moscou, Rússia, 1919.
Nascido em 22 de abril de 1870, em uma família de classe média alta em Simbirsk, Vladimir Lenin teve contato com os movimentos revolucionários socialistas após a morte de seu irmão, Alexandre Ulianov, executado em 1887 por participar de um grupo revolucionário que pretendia depor o czar Alexandre II. Cursando direito na Universidade de Kazan, Lenin estudou as teorias de Karl Marx e Friedrich Engels, mas foi expulso da instituição por sua oposição ao regime czarista. Malgrado esse fato, conseguiu concluir a graduação pouco tempo depois. Atuando como advogado de trabalhadores e camponeses, Lenin consolidou sua impressão de que o sistema judiciário russo era perverso e enviesado em prol das classes economicamente privilegiadas. Mudou-se para São Petersburgo, tornando-se um dirigente do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Em 1895, o partido foi desarticulado pela Okhrana, a polícia política do regime czarista. Lenin foi detido e enviado para uma prisão na Sibéria.
Após ser libertado em 1900, casou-se com a revolucionária Nadejda Krupskaia e mudou-se para a Europa Ocidental, onde se tornou um teórico de destaque, desenvolvendo suas próprias ideias sobre a revolução socialista. Em 1903, assumiu papel de destaque em meio à cisão ideológica do POSDR, estabelecendo a primazia do grupo dos bolcheviques sobre os mencheviques de Julius Martov. O fracasso da insurreição durante a Revolução Russa de 1905 o levou a endurecer as condições de funcionamento do POSDR, buscando expulsar os mencheviques do partido para formar uma organização ideologicamente mais homogênea. Em 1912, lançou o jornal "Pravda" ("Verdade"). Após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Lenin fez campanha para transformar o conflito em uma revolução proletária em escala continental. Em 1917, a Revolução de Fevereiro derrubou o czar, estabelecendo um governo provisório. Lenin retornou então à Rússia e publicou "As Teses de Abril", em oposição às ideias conciliatórias pró-burguesas do governo temporário. Perseguido, refugiou-se na Finlândia onde, ao lado de Trotsky, começou a planejar uma insurreição. Retornou secretamente a Petrogrado, desempenhando papel de liderança durante a Revolução de Outubro, quando os bolcheviques derrubaram o governo provisório.
Com o sucesso da Revolução de Outubro, Lenin assumiu o posto de chefe-de-Estado da República Soviética da Rússia. Suas primeiras ações foram a convocação de uma Assembleia Constituinte e a organização do II Congresso dos Sovietes, onde foram estabelecidos os três pilares do governo soviético: "Paz,Terra e Pão". Lenin retirou a Rússia da Primeira Guerra Mundial, redistribuiu a terra entre os camponeses, separou igreja e Estado, estabeleceu a igualdade formal entre homens e mulheres, nacionalizou os bancos e estabeleceu o controle das indústrias pelos operários. Também criou a Internacional Comunista, visando promover a revolução socialista em escala global, e fundou o Exército Vermelho, que derrotou as tropas estrangeiras e os contra-revolucionários do Exército Branco durante a Guerra Civil Russa. Organizou a III Internacional em março de 1919, em que buscou alertar os revolucionários do mundo sobre os perigos da "colaboração de classe" e conclamou a rejeição contra o parlamentarismo nos países burgueses. Em 1922, fundou a União Soviética, unificando a Rússia e os recém fundados regimes socialistas dos países vizinhos, como Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia. Nesse mesmo ano, foi atacado por uma crise de hemiplegia, que debilitaria rapidamente sua saúde. Faleceu dois anos depois, em 21 de janeiro de 1924.
Lenin é considerado um dos personagens mais importantes e influentes da história moderna. Articulador do marxismo-leninismo, ele lançou as bases de um sistema de governo que conduziria a Rússia por mais de sete décadas e que viria a cobrir um terço do planeta Terra. Sobre seus feitos, Dmitri Volkogonov afirmou que "dificilmente poderia haver outro homem na história que conseguiria mudar tão profundamente uma sociedade tão grande em tal escala". Na avaliação do historiador J. Arch Getty, "Lenin merece muito crédito pela noção de que os mansos podem herdar a terra, que pode haver um movimento político baseado na justiça social e na igualdade".

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