Margaret Thatcher (I)
Famosa por seus discursos e frases de efeito demonizando beneficiários de programas sociais do governo, fez carreira como funcionária pública, passando 54 anos de sua vida sendo sustentada com fartas regalias pelo Estado. Durante sua gestão, implementou uma série de iniciativas políticas e econômicas do receituário liberal, tais como a desregulamentação da economia (sobretudo do setor bancário), a flexibilização da legislação trabalhista, o afrouxamento da legislação ambiental, a privatização de empresas estatais e a redução do poder e influência dos sindicatos. Reduziu os impostos de renda para os mais ricos, aumentando em contrapartida os impostos indiretos e sobre o consumo. Também tentou, sem sucesso, privatizar o sistema público de saúde.
As medidas econômicas de Thatcher renderam elogios do mercado financeiro e forte apoio da elite britânica, mas foram extremamente impopulares entre os trabalhadores. Diversos benefícios sociais, como a distribuição gratuita de leite para crianças nas escolas e diferentes tipos de pensão foram cortados. Setores tradicionais da economia inglesa, como a indústria de ferro e carvão, foram praticamente extintos em função da desregulamentação do mercado, deixando centenas de milhares de trabalhadores sem ocupação. O desemprego no Reino Unido aumentou para o maior percentual da história, ao passo que o poder de compra da população caiu para o menor nível registrado desde a Segunda Guerra Mundial. Tal conjuntura levou ao rápido empobrecimento da classe trabalhadora e à agitação social no Reino Unido. Gigantescas passeatas reunindo até 200 mil pessoas pediam sua saída do governo, mas, respaldada pelo apoio do mercado, a primeira-ministra permaneceria no cargo por mais de uma década.
No campo da política externa, destacou-se pelo apoio a ditaduras e regimes repressivos. Financiou milícias de extrema-direita na Irlanda, responsáveis por torturar, estuprar e matar civis. Apoiou o regime racista do apartheid na África do Sul, rotulando Nelson Mandela e o Congresso Nacional Africano como terroristas. Também financiou o regime do Camboja e foi aliada e protetora do ditador chileno Augusto Pinochet.
Margaret Thatcher faleceu em 8 de abril de 2013. Enquanto a mídia inglesa lamentou sua morte chamando-a de "a melhor primeira ministra em tempos de paz" e a nobreza da Inglaterra esforçou-se em demonstrar consternação, os trabalhadores saíram às ruas para celebrar sua morte carregando placas onde se lia "the witch is dead" ("a bruxa morreu"). Musiquinhas irônicas eram entoadas e até uma petição pedindo a privatização de seu funeral foi organizada. Em várias cidades, ocorreram festas populares regadas a champanhe e até mesmo desfiles de rua foram improvisados, com multidões celebrando como se fosse um carnaval. Manifestantes encheram a entrada da casa da primeira-ministra de garrafas de leite, para lembrar os cortes que ele promovera. Pela primeira vez, os portais de notícia do Reino Unido tiveram de bloquear os comentários, pois a população postava manifestações de apreço pela partida da "Dama de Ferro".
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