"Massacre na Coreia", de Pablo Picasso,


"Massacre na Coreia". Pablo Picasso, 1951. Óleo sobre tela. Acervo do Museu Picasso, Paris.

A obra é inspirada nos relatos das atrocidades cometidas pelas forças militares americanas durante a Guerra da Coreia. É possível que o episodio representado faça alusão ao Massacre de Gun Ri, ocorrido um ano antes da execução da obra, ou ao Massacre de Sinchon, que aconteceu no mesmo ano em que a tela foi finalizada.

À esquerda, um grupo de mulheres e crianças nuas é visto ao pé de uma vala comum. Vários soldados fortemente armados estão à direita, também nus. A posição das vítimas e do esquadrão de fuzilamento faz ecoar a composição de "Três de Maio de 1808 em Madri", pintada por Goya séculos antes. Na representação de Picasso, no entanto, o grupo é manifestamente irregular - como era frequentemente aparente em seus retratos de soldados em armaduras - que podem ser entendidos como uma atitude de zombaria da idiotice da guerra.

Os capacetes são deformados e os armamentos são uma mistura desordenada dos instrumentos de agressão, característicos do período medieval até a era moderna. Não são exatamente armas de fogo nem lanças. Talvez se assemelhem mais a castiçais. Os soldados, embora nus, não possuem pênis. Esse recurso representacional é contrastado pelo estado de gravidez das mulheres no lado esquerdo do painel. Muitos historiadores interpretaram que os soldados, na sua capacidade de destruidores da vida, substituíram o pênis por armas, castrando-se e privando o mundo da próxima geração de vida humana. Juntamente com "Guernica" e "O Ossuário", "Massacre na Coreia" é um dos mais importantes trabalhos de Picasso representando os conflitos políticos de seu tempo.

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