Milton Friedman
O economista liberal estadunidense Milton Friedman (à esquerda, em terno preto) reunindo-se com o ditador chileno Augusto Pinochet. Santiago do Chile, março de 1975.
Líder da chamada Escola de Chicago, Milton Friedman (1912-2006) é considerado o maior expoente do liberalismo econômico.
Nascido em Nova York, Friedman formou-se em economia pela Universidade Rutgers e cursou pós-graduação na Universidade de Chicago. Malgrado suas críticas incisivas ao "estatismo" e sua defesa intransigente do laissez-faire e da redução do tamanho do Estado, Friedman fez carreira como funcionário público, ingressando no Comitê de Recursos Naturais na década de trinta. Posteriormente, trabalhou no Departamento Nacional de Pesquisa Econômica. Nessa função, ajudou a implementar o New Deal - um massivo programa estatal de investimentos públicos coordenado por Franklin Roosevelt, visando reconstruir a economia estadunidense após a Crise de 1929 e a Grande Depressão.
Lecionou por um tempo na Universidade de Wisconsin–Madison mas, descontente com as condições de trabalho na instituição privada, voltou a trabalhar para o governo, atuando como conselheiro do Departamento do Tesouro. Mais tarde, assumiria o cargo de porta-voz desse órgão público. Em 1946, passou a lecionar na Universidade de Chicago, cargo onde permaneceria por 30 anos.
Em 1962, Friedman publicou sua obra mais famosa, "Capitalismo e Liberdade", defendendo a ideia de que a liberdade econômica é uma prerrogativa indispensável para a existência da democracia e da liberdade política. Na década seguinte, atuou como conselheiro econômico da ditadura militar de Augusto Pinochet, orientando a implementação do receituário liberal em paralelo ao recrudescimento do autoritarismo e da repressão do regime, que matou mais de 3.000 pessoas, torturou dezenas de milhares de cidadãos e forçou mais de 200 mil chilenos a se exilarem. Sob sua orientação, a ditadura chilena implementou programas de austeridade fiscal, desregulamentação dos setores produtivos e financeiros, corte de pensões e aposentadorias, redução dos programas sociais e privatização das empresas públicas.
Sua colaboração com a ditadura chilena rendeu fortes críticas de Orlando Letelier, ex-ministro das relações exteriores de Allende: "É curioso que o autor do livro Capitalismo e Liberdade, escrito para argumentar que somente liberalismo econômico pode suportar uma democracia política, possa agora facilmente desvincular economia de política quando as teorias econômicas que ele defende coincidem com a restrição absoluta de qualquer tipo de liberdade democrática", argumentou Letelier.
Friedman também atuou como conselheiro econômico de três presidentes dos Estados Unidos, Richard Nixon, Gerald Ford e Ronald Reagan, e auxiliou na implementação de medidas liberais no governo britânico, durante a gestão de Margaret Thatcher. Foi laureado com o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas em 1976, "por suas realizações nos campos da análise de consumo, história e teoria monetária".
Sua obra, chamada por seus críticos de "apologia ao fascismo de mercado", se destaca pela defesa da limitação do tamanho dos setores público e pela vigorosa oposição ao Estado de bem-estar social e aos programas sociais. Sobre estes, Friedman escreveu certa vez: "O maior de todos os males [dos programas sociais] é o efeito maligno que exercem sobre a estrutura da nossa sociedade. Eles enfraquecem os alicerces da família; reduzem o incentivo para o trabalho, a poupança e a inovação; diminuem a acumulação do capital; e limitam a nossa liberdade."
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