O Acordo de Munique
Após a ascensão dos nazistas ao governo em 1933, a Alemanha passou a desrespeitar todas as cláusulas do Tratado de Versalhes, expandindo suas forças armadas, retomando sua indústria bélica, adotando uma política externa agressiva e partindo efetivamente para a ação militar e expansão do seu território, com a retomada das áreas cedidas após a derrota na Primeira Guerra Mundial. Em março de 1938, a Alemanha anexou a Áustria e, logo em seguida, passou a reivindicar a anexação da região dos Sudetos, na Checoslováquia.
Apesar disso, as potências europeias, hesitantes com a possibilidade de um novo conflito, relutaram em confrontar as pretensões dos nazistas, adotando uma política de apaziguamento e submissão às reivindicações alemãs. Em 29 de setembro de 1938, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain, o premiê francês Édouard Daladier e o ditador italiano Benito Mussolini se reuniram com Adolf Hitler para assinar o Acordo de Munique.
O acordo era, na prática, uma capitulação. Os líderes europeus concordavam em ceder à Alemanha o território dos Sudetos e o controle efetivo do resto da Checoslováquia. Em troca, Hitler se comprometia a não atacar as potências signatárias do acordo e a não fazer novas reivindicações territoriais na Europa. Os líderes da Checoslováquia não foram convidados nem consultados para a conferência, mesmo que a soberania do país fosse o tema da reunião. O Acordo de Munique também desrespeitava as alianças militares firmadas entre a Checoslováquia, o Reino Unido e a França. Por esse motivo, o acordo passou a ser designado como a "Traição de Munique".
Em seu retorno ao Reino Unido, Neville Chamberlain foi recebido como um herói e proferiu no aeroporto de Heston um discurso, hoje inglório, sobre "paz para o nosso tempo". Em outubro, as tropas de Hitler ocupariam os Sudetos e no ano seguinte, tomariam o resto da Checoslováquia. Desrespeitando o tratado, Hitler seguiria reivindicando territórios no Leste Europeu, dando início à Segunda Guerra Mundial. Logo em seguida, aliado ao regime de Mussolini, o líder nazista invadiria e a atacaria os próprios países signatários do Acordo de Munique, tomando a França e bombardeando as principais cidades britânicas.
O Acordo de Munique passaria para a história como um símbolo da covardia, auto-ilusão e fraqueza das potências europeias, uma vez que a submissão diante das demandas de Hitler permitiu que o totalitarismo nazifascista se alastrasse sem quaisquer freios ou tentativas de contê-lo.
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