Operação Northwoods
Operação Northwoods — o plano do governo dos Estados Unidos de atacar sua própria população para colocar a culpa em Cuba e justificar uma guerra:
Inconformados com o desfecho da Revolução Cubana, que havia retirado a ilha caribenha da sua esfera de influência e instalado o primeiro regime socialista das Américas, os Estados Unidos se dedicaram a tentar derrubar o governo de Fidel Castro de múltiplas formas na década de 1960. Um dos planos mais inusitados surgidos nesse contexto receberia o codinome de "Operação Northwoods".
Proposta pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a Operação Northwoods consistia em uma operação de bandeira falsa: militares estadunidenses e agentes da CIA cometeriam uma série de atos terroristas nos Estados Unidos envolvendo a morte de militares e civis. Evidencias plantadas ligariam esses atos de terrorismo ao governo cubano, justificando assim uma guerra contra Cuba e a deposição de Fidel Castro. Entre as possibilidades detalhadas no documento estavam o sequestro de aviões a serem abatidos, a explosão de um navio estadunidense, naufrágio de barcos de refugiados cubanos e explosões de bombas nas grandes cidades dos Estados Unidos. Cogitou-se a realização de uma campanha massiva de atentados terroristas contra as cidades de médio e grande porte do trecho Miami-Washington D.C., com múltiplas explosões e mortes de civis, que seriam então atribuídos a "terroristas cubanos".
A Operação Northwoods previa ainda a encenação de falsos ataques terroristas. Um dos cenários propostos envolveria a simulação do sequestro e explosão de um avião comercial dos Estados Unidos: "Uma aeronave seria pintada e numerada na base aérea americana de Englin, como uma duplicata exata de outra aeronave civil (…) Em uma hora designada, a duplicata seria substituída pela aeronave civil e seria carregada com passageiros selecionados, todos abrigados sob pseudônimos cuidadosamente preparados. A verdadeira aeronave registrada seria convertida em um drone [teleguiado]. (…) A aeronave carregando os passageiros baixaria a uma altitude mínima e iria diretamente para um campo auxiliar na base aérea de Eglin onde preparativos teriam sido feitos para evacuar os passageiros e retornar a aeronave a seu status original. Enquanto isso, a aeronave teleguiada continuaria a seguir o plano de voo original. Quando estivesse sobre Cuba, o avião teleguiado começaria a transmitir a frequência internacional de perigo MAYDAY, afirmando estar sob ataque de aeronaves MIGs cubanas. A transmissão seria interrompida pela destruição da aeronave, que seria detonada por um sinal de rádio".
O plano chegou a ser aprovado pelo Estado Maior e pelo Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert McNamara, mas foi rejeitado pelo presidente John F. Kennedy. Esses planos foram revelados no livro "Body of Secrets", escrito pelo repórter investigativo James Bamford, mas foram desqualificados como "teoria da conspiração" pelo governo estadunidense. Não obstante, a publicação de 1.500 documentos produzidos pelas Forças Armadas e órgãos de inteligência do governo dos Estados Unidos que perderam o status de confidencialidade nos anos noventa confirmou a veracidade da história. Entre esses documentos, encontra-se o memorando de 13 de março de 1962 assinado por Lyman Lemnitzer, chefe do Estado Maior, reproduzido na imagem.
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