Patrice Lumumba
Patrice Lumumba (1925-1961), revolucionário congolês e mártir da luta anti-imperialista na África.
Patrice Lumumba nasceu em Onalua, Congo Belga, em 2 de Julho de 1925. Intelectual autodidata, iniciou sua tumultuada carreira política na década de 1950, após observar as práticas exploratórias e opressivas levadas a cabo no Congo, quando o país ainda estava sob domínio colonial da Bélgica. Em 1958, Lumumba reuniu um grupo de intelectuais e dirigentes locais e fundou o Movimento Nacional Congolês (MNC), o primeiro partido político nativo do Congo. No mesmo ano, participou da primeira Conferência Pan-Africana do Povo, em Acra, onde travou contato com líderes nacionalistas de todo o continente. Em pouco tempo, Lumumba tornou-se um dos principais representantes dos ideais pan-africanistas e da ideologia anticolonial, defendendo a solidariedade entre os povos da África e encorajando o diálogo entre os países do continente.
Sob sua liderança, o MNC uniu as etnias congolesas em prol da reivindicação da independência do Congo, resultando em uma onda de grandes protestos pró-autonomia na colônia. Reagindo à pressão popular, as autoridades belgas anunciaram um plano de eleições locais e um projeto de transição gradual para a independência, a ser cumprido em cinco anos. Ciente de que o governo belga pretendia ganhar tempo para instalar lideranças fantoches na administração local, Lumumba convocou novas manifestações e iniciou uma campanha de desobediência civil. Em represália, as autoridades belgas ordenaram sua prisão. Não obstante, a comoção gerada pela prisão do líder do MNC teve um efeito contrário para os interesses belgas nas eleições locais, com a legenda nativa conquistando mais de 90% dos votos e fortalecendo a causa autonomista.
Em 1960, iniciaram-se as negociações pró-autonomia. Lumumba foi libertado a tempo de participar das reuniões em Bruxelas. Em 30 de junho do mesmo ano, era declarada a independência da nação africana. O MNC venceu as primeiras eleições livres do país e Lumumba tornou-se primeiro-ministro da República Democrática do Congo. Poucos dias após a declaração de independência, entretanto, um rebelde chamado Moïse Tshombe, apoiado pelo governo da Bélgica e empresários do setor de mineração, passou a liderar um movimento separatista na província de Katanga. Lumumba solicitou apoio das potências ocidentais para debelar a rebelião, mas foi ignorado. Aproximou-se então da União Soviética, que lhe ofereceu ajuda com o envio de suprimentos e armamentos para combater o levante. A aproximação de Lumumba com o bloco comunista ocasionou a imediata reação das nações ocidentais, com Estados Unidos, Reino Unido e Bélgica passando a articular sua deposição.
Lumumba neutralizou uma primeira tentativa de derrubá-lo, obtendo voto de confiança do Senado para evitar a dissolução do seu governo. Poucos dias depois, entretanto, ele seria deposto por um golpe de Estado conduzido pelo coronel Joseph Mobutu. Posto em prisão domiciliar sob vigilância das tropas das Nações Unidas, Lumumba ainda conseguiu articular uma tentativa de fuga para Stanleyville, mas foi capturado pelos militares congoleses, auxiliados pela CIA. Apesar dos apelos da União Soviética e da comunidade internacional, as tropas da ONU, pressionadas pelo governo norte-americano, não intervieram para libertá-lo. Em 17 de janeiro de 1961, Lumumba foi executado por um pelotão de fuzilamento comandando por Tshombe e um grupo de oficiais belgas.
No início dos anos 2000, o governo da Bélgica apresentou um pedido de desculpas formais à família de Lumumba e ao povo congolês pelo assassinato do primeiro-ministro. Documentos tornados públicos pelo governo norte-americano em 2007 confirmaram a participação dos Estados Unidos na captura de Lumumba e a existência de planos secretos da CIA para assassiná-lo. Em 2013, o governo do Reino Unido também admitiu ter participado secretamente da conspiração que derrubou seu governo.
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