Robert Robinson e a União Soviética

O estadunidense Robert Robinson trabalhando em uma fábrica de rolamentos de Stalingrado, na União Soviética.

O engenheiro Robert Robinson era o único funcionário negro dentre os mais de 700 empregados da fábrica da Ford na cidade de Detroit. Todos os dias, Robinson ouvia insultos racistas, humilhações e todo tipo de discriminação. A Crise de 1929 era outro grande problema, encarecendo o custo de vida e corroendo o poder de compra dos trabalhadores. O salário de 140 dólares acabava cada vez mais cedo, mês após mês.

Em 1930, Robinson recebeu uma oferta de emprego atraente da União Soviética: salário mensal de 250 dólares, acomodação, despesas básicas e viagens pagas pelo governo soviético. Em meio ao seu processo de industrialização, a União Soviética necessitava de mão de obra especializada para alguns setores fabris. Atraídos pelos altos salários e benefícios, milhares de estadunidenses migraram para a União Soviética no período. Para os afro-americanos, fugir da segregação racial, da Ku Klux Klan e da repressão em seu país era um incentivo a mais. Desde os anos vinte, a União Soviética defendia a causa da igualdade racial e criticava o racismo institucional nos Estados Unidos.

Robert Robinson passou 44 anos na União Soviética. Seus colegas de trabalho nunca o discriminaram por sua cor de pele. Robinson sofreu racismo uma única vez na União Soviética - cometido justamente por dois imigrantes estadunidenses brancos, que o atacaram enquanto ele caminhava às margens do Rio Volga. A imprensa soviética chamou a atenção para o caso e os dois criminosos foram deportados para os Estados Unidos. Robinson ficou famoso: "Muitos me viam como herói, algo que eu realmente não conseguia entender". Em 1934, mesmo não sendo filiado ao Partido Comunista ou partidário do socialismo, foi indicado pelos seus colegas de trabalho para ser candidato ao Soviete de Moscou. Robinson aceitou e venceu as eleições, causando espanto na mídia estadunidense, que não acreditava que os trabalhadores moscovitas haviam elegido um negro oriundo dos Estados Unidos para representá-los.

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