Campanha Prestes


Manifestantes estadunidenses protestam em favor da libertação de Luís Carlos Prestes e Olga Benário durante a Campanha Prestes. Nova York, 1937. Os cartazes trazem frases como "Libertem Prestes", "Wall Street explora o povo brasileiro" e "Vargas aliou-se a Hitler contra o povo brasileiro".

Após debelar o Levante Comunista de 1935, o governo de Getúlio Vargas empreendeu uma brutal repressão aos quadros do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e aos membros da Internacional Comunista (IC) ativos no Brasil. A polícia política de Vargas, chefiada por Filinto Müller, chefiou as operações que visavam capturar os revolucionários, sendo responsável por torturar e assassinar vários militantes. Arthur e Elise Ewert, filiados à IC, foram barbaramente seviciados, a ponto de Arthur perder a sanidade no processo, e acabaram fornecendo informações que permitiram que os líderes do levante, Luís Carlos Prestes e Olga Benário, fossem localizados.

O casal foi detido em março de 1936. Prestes perderia sua patente de capitão e ficaria preso por nove anos. Olga Benário, grávida de Prestes, teve sua extradição solicitada pelo governo da Alemanha Nazista. Mesmo cientes da gravidez e de que a deportação para a Alemanha colocaria sua vida em risco, uma vez que Olga era judia e agente da Internacional Comunista, as autoridades brasileiras negaram a concessão de asilo político. Olga foi deportada em outubro de 1936.

Para pressionar pela libertação de Luís Carlos Prestes, de Olga Benário e dos demais presos políticos, a mãe de Prestes, Leocádia Felizardo Prestes, e sua irmã, Lygia Prestes, iniciaram uma campanha internacional denominada "Campanha Prestes", encampada pela Internacional Comunista, ativistas progressistas e organizações ligadas à luta em prol dos direitos humanos. A campanha se concentrou sobretudo na França e na Espanha, mas se espalhou pelo mundo inteiro, dos Estados Unidos à Austrália. Grandes atos públicos foram organizados em cidades como Paris, Madri, Nova York e Moscou. Após o nascimento da filha de Olga e Prestes, Ana Leocádia, a campanha foi intensificada, em função da necessidade de salvar a vida de uma criança de ascendência judaica, ameaçada de ser entregue a um orfanato nazista.

O artista plástico Honório Peçanha confeccionou material de propaganda decorado com a imagem de Olga com a filha nos braços, exigindo sua libertação. Os panfletos foram impressos pelo Comitê Prestes e distribuídos pela imprensa mundial. Sob forte pressão internacional, o governo alemão aceitou negociar a libertação do bebê. O célebre jurista francês François Drujon, sensibilizado com causa, viajou para a Alemanha para sondar a Gestapo e obteve a promessa das autoridades alemãs de que a menina poderia ser entregue à avó, caso fosse apresentado documento comprovando a paternidade de Prestes.

Em 21 de janeiro de 1938, Anita Leocádia, então com 14 meses de idade, foi entregue pela Gestapo à avó paterna e à tia. Uma vitória parcial para a Campanha Prestes, ainda que Olga e não tivesse sido libertada. Olga foi executada na câmara de gás do campo de extermínio de Bernburg em 23 de abril de 1942, aos 34 anos de idade, ao lado de outras 199 prisioneiras.

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