Carrefour e o racismo (I)


O vigilante Januário Alves de Santana em sua casa em Osasco, subúrbio da Grande São Paulo.

Em agosto de 2009, Januário foi torturado por seis seguranças de uma loja da rede de supermercados Carrefour, em Osasco. Januário estava entrando em seu carro (um Ford EcoSport) estacionado no pátio da loja quando foi confundido com um ladrão. Os seguranças o levaram para um "quartinho escuro", nome dado ao espaço para onde são encaminhados os clientes que são flagrados furtando. No recinto, Januário levou socos, coronhadas na cabeça e foi asfixiado. Teve os dentes arrancados e o maxilar fraturado. Sobreviveu às agressões graça à súbita chegada da polícia.

"Fui torturado porque seu negro. Para eles, um negro como eu não tem condições e nem pode ter um carro como esse", afirmou o vigilante, adicionando a observação de que os policiais também duvidaram de sua inocência. "Até os policiais duvidaram de mim. Disseram que eu tinha passagem. A sorte é que minha mulher apareceu, viram que eu tinha família e documentos que mostravam que o carro era nosso".

Os seguranças foram demitidos pelo supermercado, mas o Tribunal de Justiça os absolveu do crime de tortura. Januário tem sequelas físicas e psicológicas das agressões até hoje e já teve de se submeter a diversas cirurgias para tratamento de hérnia.

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