Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães
Vista aérea do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, na cidade de São Paulo. Administrado pelo governo paulista, o complexo desportivo foi inaugurado em 1957 e é um dos maiores da América Latina.
A ideia de construir o complexo esportivo remonta ao Plano de Avenidas elaborado pela gestão de Prestes Maia, nos anos 30, a partir de uma reflexão sobre a necessidade de dotar a cidade de espaços não subordinados à lógica dos interesses industriais e da especulação imobiliária, incentivando a sociabilização, atividades culturais e o lazer urbano. A construção só seria iniciada anos mais tarde, como parte das celebrações do IV Centenário da cidade de São Paulo, comemorado em 1954. O projeto arquitetônico é de autoria de Ícaro de Castro Melo. O complexo foi erguido ao lado do Parque do Ibirapuera e se estende por uma área de quase 100 mil metros quadrados.
Com capacidade para abrigar 11.000 espectadores, o Ginásio do Ibirapuera é a maior arena poliesportiva coberta de São Paulo. O complexo conta ainda com uma segunda arena coberta, o Ginásio Mauro Pinheiro, com capacidade para 3.000 pessoas. Também fazem parte do complexo o Conjunto Aquático, com dez piscinas aquecidas e tanque de saltos, o Estádio Ícaro de Castro Melo, com capacidade para abrigar 13.400 pessoas sentadas, e o Palácio do Judô. O complexo conta ainda com três auditórios, alojamento para 340 pessoas, salas de condicionamento físico, sala de arco e flecha, pista de corrida, parque recreativo, quadras de tênis e quadras poliesportivas descobertas. O conjunto é frequentado por milhares de pessoas todos os dias, entre atletas profissionais, amadores e populares. É um dos principais espaços de acesso livre e gratuito para a prática desportiva em São Paulo, oferecendo aulas de natação, hidroginástica, escolas de basquete, ginástica olímpica, esgrima, futebol de salão, boxe, judô e voleibol, além de atividades para pessoas com deficiência.
O Conjunto Desportivo foi palco de inúmeros eventos de grande importância para a história do esporte brasileiro e mundial. Em 1963, o conjunto abrigou várias competições dos Jogos Pan-Americanos de São Paulo. Em 1971, serviu de palco para duas lutas protagonizadas pelo pugilista estadunidense Muhammad Ali. O Ginásio do Ibirapuera sediou três edições do Campeonato Mundial de Basquete Feminino - incluindo o campeonato de 1971, quando o Brasil conquistou a medalha de bronze. Também sediou o Campeonato Mundial Interclubes de Basquete de 1979, vencido pelo clube brasileiro E.C. Sírio, de Oscar, Marcel, Marquinhos Abdalla e Saiani. O Campeonato Mundial Feminino de Vôlei de 1994, vencido por Cuba, e a Liga Mundial de 1993, vencida pelo Brasil, também foram sediados no local.
O conjunto desportivo abrigou os jogos do Mundial de Handebol de 2011 e a Copa do Mundo de Judô, no mesmo ano. Sediou o ATP Challenger Tour Finals e testemunhou a vitória de Rafael Nadal no Brasil Open de 2013. Outros grandes tenistas exibiram seus talentos no complexo, tais como Guga, Pete Sampras, Jimmy Connors, Roger Federer, Maria Sharapova, Victoria Azarenka e Serena Williams. Entre os pugilistas brasileiros, Éder Jofre, Popó, Adilson Maguila e Miguel de Oliveira também lutaram no local. O complexo abrigou a Copa do Mundo de Ginástica Artística de 2006, quando Daiane dos Santos e Diego Hypólito se sagraram campeões no solo. O estádio do complexo já sediou jogos da Portuguesa, Grêmio, Santos, Coritiba, Vitória e América mineiro. O espaço foi utilizado pelo Santos durante a reforma da Vila Belmiro e pelo Corinthians em 1996. Foi o palco da vitória santista sobre o Peñarol do Uruguai durante a Supercopa Libertadores.
Mais recentemente, o espaço tem abrigado competições de novas modalidades de esportes de combate. Em 2012, sediou o WWE RAW World Tour. Em 2013, abrigou o UFC, vencido por Vitor Belfort. O conjunto é um dos principais espaços de formação de atletas de elite no Brasil. Maurren Maggi, campeã olímpica de salto a distância, e Robson Caetano, recordista sul-americano da prova dos 100 metros rasos, por exemplo, viveram no alojamento do complexo durante alguns anos. Importantes nomes da música também se apresentaram no espaço, tais como Tom Jobim, Chico Buarque, Legião Urbana, Rolling Stones, Metallica, Bob Dylan e André Rieu.
Em 30 de novembro de 2020, o governador de São Paulo, João Dória, apresentou projeto para privatizar o espaço, propondo a demolição de algumas das estruturas para construir um hotel, um shopping center e uma arena multiuso. Apesar da importância cultural, social e histórica do espaço, o Conselho de Defesa do Patrimônio (Condephaat), órgão do governo paulista responsável pela preservação e gestão do patrimônio histórico, artístico e arquitetônico de São Paulo, se negou a tombar o complexo, dando seu aval ao plano de João Dória de privatizar e demolir o conjunto.
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