Corrida Nuclear
"Guerra Nuclear", cartaz soviético de 1980. A obra alerta para o risco de aniquilação nuclear, representando a extinção da vida por meio de um gráfico de monitoramento cardíaco, cujos pulsos cessam abruptamente após uma guerra atômica.
A corrida armamentista nuclear entre Estados Unidos e União Soviética gerou forte tensão geopolítica global durante a Guerra Fria, intensificada após o episódio da instalação de mísseis nucleares nas bases estadunidenses da Itália e da Turquia, que, por sua vez, ensejou a Crise do Mísseis de Cuba em 1962. As duas potências empenhavam-se em manter a paridade em termos de armamento nuclear, desenvolvendo ogivas progressivamente mais potentes, num esforço contínuo de intimidação e dissuasão mútua. Como resultado, os dois países logo estavam equipados com milhares de ogivas nucleares e dispunham da capacidade de aniquilar todo o planeta múltiplas vezes.
Esse esforço de dissuasão e intimidação é a base da estratégia militar conhecida como "Destruição Mútua Assegurada" (em inglês, "Mutual Assured Destruction", ou "MAD"). A estratégia deriva do princípio do "Equilíbrio de Nash" (uma disputa hipotética onde nenhum participante tende a ganhar se alterar seu comportamento.
A posse maciça de ogivas nucleares e o desenvolvimento progressivo de armas mais potentes servia como um fator paradoxal de deterrência, pois assegurava que, se uma das potências atacasse a outra, a destruição seria mútua e incalculável e nenhum dos lados sobreviveria ao conflito. Por isso, mesmo não pretendendo utilizar os arsenais nucleares, União Soviética e Estados Unidos seguiram desenvolvendo e acumulando ogivas ao longo de décadas, com base na concepção de "Tripé Nuclear": posse de mísseis balísticos intercontinentais posicionados em silos subterrâneos blindados, instalação de bombardeiros estratégicos em pontos seguros e submarinos nucleares capazes de lançar mísseis balísticos.
Embora os Estados Unidos tenham tomado a dianteira na produção das armas atômicas e sejam até hoje o único país a ter utilizado ogivas nucleares contra uma nação inimiga, a indústria cultural estadunidense empenhou-se em culpabilizar e vilanizar a União Soviética, isolando-a do contexto de intimidação mútua, produzindo inúmeros filmes e livros que apontavam os soviéticos como os responsáveis por ameaçar e intimidar o mundo com a destruição nuclear.
Não obstante, foram os soviéticos que tomaram a iniciativa de distensionar a corrida nuclear, propondo os Tratados Anti-Mísseis Balísticos nos anos 70 e 80, visando limitar o desenvolvimento de armas nucleares, congelar os arsenais e paralisar a criação de novos sistemas de lançamento de armas nucleares. Os Estados Unidos não apenas rechaçaram tal hipótese como tentaram levar a corrida nuclear a um novo patamar, propondo a Iniciativa Estratégica de Defesa, vulgo "Star Wars", um programa desenvolvido pelo governo de Ronald Reagan, que visava estabelecer um sistema de armas nucleares espaciais. Os Estados Unidos só aceitaram revisar a estratégia da "Destruição Mútua Assegurada" após a dissolução da União Soviética.

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