Erundina e Paulo Freire


Luiza Erundina, então prefeita da cidade de São Paulo, abraçada a Paulo Freire, seu secretário da Educação.

Em 1989, Paulo Freire aceitou o convite de Luiza Erundina, recém-eleita prefeita da cidade de São Paulo (1989-1992), para assumir a Secretaria Municipal de Educação. O educador passou dois anos à frente da pasta, sendo sucedido por Mario Sergio Cortella. O secretariado de Erundina incluía ainda Marilena Chauí (cultura), Paul Singer (finanças), Perseu Abramo (comunicação), Eduardo Jorge (saúde) e Ermínia Maricato (habitação).

Considerado um dos mais notáveis pensadores da história da pedagogia mundial e maior expoente da pedagogia crítica, Paulo Freire se notabilizou internacionalmente a partir da década de 1960, após a bem sucedida experiência de Angicos, no Rio Grande do Norte, quando alfabetizou uma turma de 380 trabalhadores em apenas 40 horas, utilizando um método inovador focado no recurso ao universo vocabular do aluno e no despertar da consciência crítica do indivíduo em relação ao mundo. Sua principal obra, "Pedagogia do Oprimido", é considerado o terceiro livro mais citado mundialmente em pesquisas na área de ciências sociais.

Durante sua gestão à frente da Secretária Municipal de Educação de São Paulo, Freire expandiu a rede de ensino com a construção de novas escolas e buscou universalizar o acesso ao ensino básico. Criou o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), um programa público de coordenação de salas comunitárias voltadas para a educação de jovens e adultos, que se tornou um modelo replicado por diversas cidades do Brasil e do mundo. Equipou as escolas municipais com brinquedotecas, salas de leitura e salas de informática. Freire criou a política de formação continuada em serviço, voltada para o aperfeiçoamento constante dos profissionais da educação, e estabeleceu novos direitos para os professores através da criação do Estatuto do Magistério Municipal. Também reestabeleceu os Conselhos de Escola, que haviam sido extintos pela ditadura militar, e reorganizou os ciclos do ensino básico.

O projeto mais ambicioso de Paulo Freire, entretanto, consistia na elaboração de um novo modelo de escola popular e democrática, inspirado na sua própria abordagem pedagógica, visando constituir um sistema de educação multidisciplinar de caráter crítico e emancipatório. O projeto chegou a ser iniciado, mas não foi levado adiante pelo sucessor de Luíza Erundina, Paulo Maluf, que se opunha aos princípios ideológicos da metodologia freiriana.

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