Fascismo é capitalismo em decadência

"Do ponto de vista do seu conteúdo, o fascismo é a forma mais reacionária, abertamente terrorista, da ditadura do capital financeiro. Esta ditadura é evidentemente instaurada pela burguesia imperialista para prolongar o seu domínio.

O recurso ao fascismo prova que a alta burguesia já não confia muito em conservar o poder político através da utilização dos meios burgueses ordinários — isto é, através dos meios da democracia parlamentar. Precisamente por isso o fascismo foge ao diálogo e à polêmica com as forças adversas e antes as reprime pela força no domínio ideológico conduzindo ao mais negro obscurantismo. Ele significa irracionalidade, chauvinismo, racismo extremo.

Na verdade, a sua maneira de pensar anti-racionalista quadra bem com o desejo que aos fascistas anima de não fixarem frontalmente um "programa", o qual posteriormente realizariam por intermédio do exercício no poder. É muito típico do fascismo procurar primeiro a conquista do poder político, para só depois pensar em programas — fato que poderia levar a dizer-se que o fascismo constitui a ideologia da ausência de ideologia. Aliás sabe-se que em Itália, por exemplo, o programa do fascismo antes da sua subida ao poder se resumia no grito "Itália a noi!". E não é sem razão já se ter dito que, depois da sua transformação em Estado corporativo, não constitui o fascismo, propriamente, uma forma política estatal assente sobre si mesma, antes e apenas um instrumento constituído para o exercício de uma ditadura."

Fernando Luso Soares, em "Introdução à Política I" (capítulo IX, "A Crise Geral do Capitalismo, O Fascismo e a Demotecnocracia").

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