Guerras das Bananas


Um fuzileiro naval estadunidense posa para foto junto aos corpos de revolucionários haitianos mortos. Haiti, 1915. A ocupação do Haiti pelas forças armadas dos Estados Unidos é um dos episódios das chamadas Guerras das Bananas.

As Guerras das Bananas foram uma série de ocupações e intervenções militares conduzidas pelos Estados Unidos contra o México e os países da América Central e do Caribe entre 1898 e 1934. A maioria das intervenções foi realizada pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, com o objetivo de proteger interesses econômicos de empresas estadunidenses na região. O termo "Guerra das Bananas" faz referência à United Fruit Company, uma multinacional estadunidense que se destacou pela produção de bananas, tabaco, cana-de-açúcar e outros produtos agrícolas em grandes plantações localizadas na América Central e no Caribe.

A princípio, os Estados Unidos se apoiaram na justificativa de oposição ao colonialismo expressa na Doutrina Monroe para embasar suas intervenções. Após derrotar a Espanha na Guerra Hispano-Americana, os Estados Unidos transformaram as ex-colônias espanholas de Cuba e Porto Rico em protetorados. Posteriormente, as forças armadas estadunidenses conduziriam ocupações e intervenções no Panamá, Honduras, Nicarágua, México, Haiti e República Dominicana. As ocupações, sempre justificadas como "operações de paz" ou "em defesa dos princípios democráticos", quase sempre visavam debelar movimentos revolucionários, impor regimes aliados e derrubar governos progressistas alçados ao poder com plataformas como a reforma agrária ou nacionalização de terras, vistas como prejudiciais às multinacionais estadunidenses.

Smedley Butler, major-general do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, foi o oficial militar mais ativo nas Guerras das Bananas, agraciado com uma medalha de honra por sua atuação em Veracruz, no México, e condecorado com uma segunda medalha de honra "por sua bravura durante a repressão à Resistência Caco" no Haiti. Em 1935, Butler publicou o livro "War Is a Racket" com suas impressões sobre a Guerra das Bananas. No trecho reproduzido abaixo, Butler comenta sobre a motivação dos conflitos:

"Passei 33 anos e quatro meses no serviço ativo, como membro da mais ágil força militar do meu país - o Corpo de Fuzileiros Navais. Servi em todos os postos, desde segundo-tenente a general. E, durante tal período, passei a maior parte de meu tempo como guarda-costas de alta classe, a serviço de homens de negócios, a serviço de Wall Street e a serviço dos banqueiros. Em suma, fui um quadrilheiro, um gangster do capitalismo. [...] Foi assim que ajudei a transformar o México, especialmente Tampico, em lugar seguro para os interesses petrolíferos americanos, em 1914. Ajudei a fazer de Cuba e Haiti lugares razoáveis para que os rapazes do National City Bank pudessem recolher seus lucros. Eu ajudei a estuprar meia dúzia de repúblicas da América Central em prol dos lucros de Wall Street [...] Ajudei a "limpar" a Nicarágua para os interesses da casa bancária internacional dos Brown Brothers, entre 1909 e 1912. Trouxe a luz à Republica Dominicana para beneficiar os interesses açucareiros norte-americanos em 1916. Ajudei a fazer de Honduras um lugar "adequado" às companhias frutíferas americanas, em 1903. Na China, em 1927, ajudei a fazer com que a Standard Oil continuasse a agir sem ser molestada. Durante todos esses anos, eu tinha, como diriam os rapazes do gatilho, uma boa quadrilha. Fui recompensado com honrarias, medalhas, promoções. Voltando os olhos ao passado, acho que poderia dar a Al Capone algumas sugestões. O melhor que ele podia fazer era operar em três distritos urbanos. Nós, os fuzileiros navais, operávamos em três continentes."

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