Lloyd Austin
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, nomeou hoje o general Lloyd Austin para o cargo de secretário de Defesa. Se a indicação for aprovada pelo Senado, Austin se tornará o primeiro afro-americano a comandar o Pentágono e a maior força militar do mundo.
A exemplo do que já ocorrera anteriormente, quando Biden nomeou a veterana transgênero Shawn Skelly para participar da equipe de transição do Departamento de Defesa, a nomeação de Lloyd Austin tem sido efusivamente celebrada pela esquerda liberal como um passo histórico para a superação do racismo e da desigualdade. É também mais um ótimo exemplo de como os liberais estadunidenses aprenderam a manipular as causas identitárias para interditar críticas e revestir com ares de progressismo os aspectos mais perversos do imperialismo.
Formado pela Academia Militar dos Estados Unidos em 1975, Lloyd Austin integrou o corpo de assessores do Departamento de Defesa, ajudando a organizar a invasão do Iraque em março de 2003, durante o governo de George W. Bush. Justificada sob a falsa alegação de que o país teria armas de destruição em massa que nunca foram encontradas, a Guerra do Iraque deixou quase 200 mil mortos e jogou o país numa situação de anomia política, violência e guerra civil permanente, que se prolonga até os dias de hoje. Também auxiliou empresas estadunidenses e europeias a obterem acesso a subcontratos de serviço na área energética, com ganhos extraordinários para a Halliburton - companhia petrolífera da qual Dick Cheney havia sido CEO, até sua eleição ao cargo de vice-presidente dos Estados Unidos, na chapa encabeçada por Bush.
Lloyd Austin serviu como comandante da infantaria durante a Guerra do Afeganistão. Assim como a Guerra do Iraque, a invasão do país, rico em reservas de gás natural e recursos minerais, foi justificada como uma "guerra contra o terrorismo", no contexto da reação aos atentados de 11 de setembro de 2001, atribuídos à Al-Qaeda. A intervenção estadunidense no Afeganistão já dura quase duas décadas e deixou mais de 120 mil mortos até o momento, além de inúmeras denúncias de crimes de guerra e graves violações de direitos humanos contra a população civil afegã.
Em 2010, já sob o governo de Barack Obama, Austin retornou ao Iraque, dessa vez como comandante militar sênior, responsável por liderar todas as operações militares no país. Entre suas primeiras medidas, destacou-se a solicitação do aumento da presença militar do Estados Unidos na região, com o envio de mais 4.000 soldados. Em 2012, Austin assumiu o cargo de vice chefe do Estado-Maior do Exército e em 2013 tornou-se chefe do Comando Central dos Estados Unidos, passando a ser responsável por coordenar as forças de combate e operações militares em 27 nações na região da África, Oriente Médio e Ásia Central, comandando, bombardeios, ataques com drones e demais intervenções militares conduzidas contra Paquistão, Somália, Iêmen e Síria.
Paralelamente à carreira bem consolidada na condução de intervenções militares, Austin tem bom trânsito junto às corporações que atuam no complexo militar industrial. Em 2016, tornou-se integrante do conselho da Raytheon Technologies, uma empreiteira militar. Em 2017, assumiu um assento no conselho de diretores da Nucor Corporation. Em 2018, foi nomeado diretor do conselho da Tenet Healthcare, empresa que responde a múltiplas acusações de fraudes médicas, sonegação de impostos e evasão de divisas. Ele também é proprietário de uma empresa de consultoria na área militar.
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