Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA)


Combatentes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) carregam um companheiro ferido, em 13 de novembro de 1975.

Após a Segunda Guerra Mundial, surgiram na África uma série de movimentos anticoloniais exigindo independência política e respeito à autodeterminação dos povos africanos. Em Angola, o Partido Comunista Angolano (PCA) e o Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA) se fundiram para criar o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), fundado em 10 de dezembro de 1956. O MPLA posteriormente absorveria outras organizações anticoloniais menores, aumentando exponencialmente os seus quadros. O médico angolano Agostinho Neto assumiu a direção do movimento e o poeta Viriato da Cruz, presidente do PCA, tornou-se secretário geral da organização.

Além do MPLA, Angola contava com outros dois importantes movimentos independentistas: a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), fundada em 1954, e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), uma dissidência da FNLA surgida em 1966. Excetuado o objetivo autonomista, as três organizações manifestavam profundas divergências políticas e ideológicas, impedindo ações conjuntas em quaisquer outras pautas. De qualquer forma, todas criaram exércitos de libertação e lutaram contra Portugal durante a Guerra de Independência de Angola (1961-1974).

O MPLA recebeu importantes apoios de União Soviética, Cuba e China. Do outro lado, Portugal detinha incontestável superioridade numérica de tropas (em proporção superior a 2 por 1), mais recursos bélicos e o apoio estratégico dos Estados Unidos e do regime pró-apartheid da África do Sul. Apesar disso, as tropas portuguesas tiveram muita dificuldade em responder à estratégia de enfrentamento de guerrilha não-convencional empregada pelos movimentos angolanos. Tendo de se adaptar às técnicas de contra-subversão, sem conhecimento do terreno e inadaptados ao clima de Angola, os soldados portugueses foram perdendo gradualmente as vantagens que possuíam no início do conflito. Ao mesmo tempo, crescia o descontentamento da população portuguesa com as guerras coloniais e com o regime autoritário do Estado Novo. Em 1974, setores progressistas das Forças Armadas de Portugal depuseram o presidente Marcello Caetano, no evento conhecido como Revolução dos Cravos. Empossado um novo governo de orientação socialdemocrata em Portugal, favorável à descolonização, a guerra chegou ao fim e a independência de Angola foi oficialmente declarada em 11 de Novembro de 1975. O MPLA assumiu o governo provisório e o líder da organização, Agostinho Neto, tornou-se o primeiro presidente angolano.

Os demais movimentos, entretanto, não aceitaram a legitimidade do governo do MPLA, dando início à Guerra Civil Angolana - na prática, um dos conflitos "por procuração" provenientes da polarização ideológica da Guerra Fria, opondo os blocos capitalista e socialista. O MPLA, de orientação marxista-leninista, continuou sendo apoiado por União Soviética e Cuba, ganhando ainda o endosso de Moçambique e da Alemanha Oriental. Do outro lado, FNLA e UNITA, congregando setores anticomunistas, liberais e conservadores, se uniram em um bloco apoiado por Estados Unidos e África do Sul. A esses últimos, somou-se a Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), que pregava a independência da província de Cabinda. Paralelamente, o MPLA se fragmentou com uma série de dissidências internas que, somadas às tentativas de golpes de Estado, quitaram a estabilidade necessária para quaisquer avanços na concretização de sua agenda.

O primeiro período da Guerra Civil Angolana durou de 1975 a 1991. Após a queda da União Soviética, o MPLA concordou com algumas concessões, abdicando do marxismo-leninismo e passando a se posicionar como um partido socialdemocrata. Angola adotou um sistema político multipartidário. Em 1992, foram realizadas as primeiras eleições presidenciais e parlamentares vencidas pelo candidato do MPLA, José Eduardo dos Santos. A UNITA não aceitou os resultados e retomou a Guerra Civil, que transcorreu em mais dois períodos: de 1992 a 1994 e de 1998 a 2002. A Guerra Civil foi encerrada com a assinatura de um tratado de paz em 2002, após os acordos de Luena. As eleições de 2008, 2012 e 2017 foram realizadas em clima de paz e reconhecidas como legítimas pelos principais movimentos políticos angolanos. Mesmo tendo decrescido nas duas últimas eleições, o MPLA segue como principal força política no país, tendo conseguido eleger João Lourenço para a presidência no último pleito.

Ao todo, a Guerra Civil Angolana se arrastou por 27 anos. Mais de 500 mil civis morreram no conflito e um milhão de angolanos foram obrigados a se deslocar. Os impactos na economia, na infraestrutura e na oferta de serviços públicos foram devastadores.

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