O legado da escravidão

"Babá brincando com criança em Petrópolis", fotografia do teuto-brasileiro Jorge Henrique Papf, tirada em 1899.

O Brasil é o país que mais utilizou mão-de-obra escrava em toda a era moderna. Entre os séculos XVI e XIX, quase 5 milhões de africanos foram escravizados e trazidos ao país - o equivalente a quase metade do volume de escravos comercializados em todo o mundo durante esse período. Ao fim do século XIX, quase 60% dos escravos trazidos ao país eram crianças. O Brasil também foi o último país do Ocidente a abolir a escravidão, não garantindo aos ex-escravos qualquer tipo de indenização ou acesso a terras agricultáveis, contrariando as demandas de abolicionistas como André Rebouças.

Estigmatizados pelo preconceito social e racial, analfabetos, sem posses ou representatividade política, muitos ex-escravos, sem qualquer perspectiva, permaneceram nas fazendas em que eram cativos, vendendo o seu trabalho em troca de um teto e alimentação. Outros tantos migraram para as cidades, fabricando abrigos improvisados que se tornariam as primeiras favelas e cortiços. Para estes, restavam os serviços pesados, domésticos, subempregos e ocupações informais como vendedores ambulantes e quitandeiras.

Essa conjuntura histórica deixou inúmeras sequelas e é o evento fundador das características socioeconômicas, das dinâmicas de sociabilização e exclusão e dos problemas sociais que enfrentamos no Brasil até os dias de hoje.

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