O Palácio de Inverno e o Museu Hermitage
Revolucionários ocupam o Palácio de Inverno após a queda do czar Nicolau II. São Petersburgo, Rússia, 2 de outubro de 1917.
O Palácio de Inverno serviu como residência imperial dos czares russos de 1732 até 1917. O último monarca a residir no palácio foi Nicolau II, deposto em março de 1917, após a eclosão da Revolução Russa. O edifício passou então a abrigar o Governo Provisório Russo, a princípio liderado por Georgy Lvov e depois por Alexander Kerensky. O assalto ao Palácio de Inverno após a Insurreição Bolchevique foi o marco oficial da Revolução de Outubro e o início da implementação do primeiro governo socialista da história - a Rússia Soviética.
O novo governo revolucionário decretou a nacionalização de todos os palácios imperiais - incluindo o Palácio de Inverno - e criou um Comitê de Arte e História para inventariar o patrimônio histórico e artístico existente nas propriedades czaristas. Ainda em novembro de 1917, o dramaturgo Anatóli Lunatcharski, nomeado Comissário do Povo para a Educação, anunciou que o Palácio de Inverno seria convertido em um museu estatal e que o Museu Hermitage (a coleção privada de arte dos czares, sediada em um edifício ao lado do Palácio de Inverno) seria nacionalizado - seguindo a premissa de que tesouros artísticos da humanidade não deveriam ser tratados como itens de ostentação e objetos decorativos de luxo, mas antes como ferramentas essenciais à apreciação, educação e ao desenvolvimento do senso artístico e estético das massas. Inaugurou-se um centro cultural no piso térreo do Palácio de Inverno, com uma programação de palestras, concertos musicais e exibição de filmes. Outras duas alas do palácio passaram a abrigar a Galeria de Pinturas e o Museu da Revolução.
Ao longo da década de vinte, o governo soviético iniciou um processo de desapropriação dos bens da burguesia soviética, nacionalizando palácios, palacetes, mansões, solares, granjas e fazendas da nobreza russa. Valiosos acervos artísticos privados também foram desapropriados, incluindo as coleções particulares de famílias aristocráticas como os Yusupov, Stroganov, Sheremetyev e Likhachev. Na condição de depositário das coleções privadas de arte desapropriadas pelo governo soviético, o Museu Hermitage assistiu a um incremento de tal magnitude em seu acervo que tornou-se impossível abrigar todas as peças. Decidiu-se, portanto, dividir o acervo entre outras instituições russas, conforme suas tipologias, e ampliar o Museu Hermitage, cedendo-lhe também o uso do Palácio de Inverno para exibir suas novas coleções.
Nos anos seguintes, o Museu Hermitage seguiria recebendo novos acervos transferidos pelo governo revolucionário, tais como a coleção arqueológica de Alexey Bobrinsky e o acervo de arte do conde Kushelev. Em função desse processo, o Hermitage se tornou em pouco tempo o segundo maior museu do mundo - atrás apenas do Museu do Louvre. Sua coleção abrange atualmente 3 milhões de peças, abarcando a história da arte da antiguidade até o modernismo, exemplificada por obras produzidas pelos maiores expoentes da arte russa e universal, de Leonardo da Vinci a Pablo Picasso, passando por Rembrandt, Van Gogh e Kandinsky.
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