Obama x Che Guevara
Sob o comando de Barack Obama, os Estados Unidos atacaram o Afeganistão, o Iraque, a Síria, a Líbia, o Iêmen, a Somália e o Paquistão. A política externa do governo Obama foi uma das mais agressivas da história dos Estados Unidos, com recorde de gastos militares e intervenções simultâneas. Obama foi o primeiro presidente dos Estados Unidos a estar em guerra durante todos os dias de seus dois mandatos. Centenas de milhares de civis africanos e asiáticos morreram em decorrência de suas intervenções. Nações inteiras foram jogadas no caos da guerra civil - nomeadamente a Líbia, onde se registrou até mesmo o retorno da prática da escravidão de subsaarianos, após a destruição do país pelos Estados Unidos. O governo Obama também deu continuidade aos abusos de direitos humanos, à prática de tortura nas instalações de Guantánamo e aos atentados contra as liberdades civis embasadas pelo PATRIOT Act. Obama apoiou golpes de Estado, fomentou a instalação de ditaduras de extrema-direita, financiou grupos extremistas e praticou atos de espionagem ilegal até mesmo contra seus aliados. Obama acumulou uma fortuna de 150 milhões de reais. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz. É heroicizado pela mídia ocidental e tratado com ares de estadista inteligente e sensível às questões sociais.
Ainda em sua juventude, o médico Che Guevara viajava pela América do Sul oferecendo tratamento médico gratuito à população desassistida, leprosos e povos indígenas. Posteriormente, Che Guevara apoiou os programas sociais e a reforma agrária implementada por Jacobo Árbenz na Guatemala. Em seguida, ajudou a derrubar a sangrenta ditadura de Fulgencio Batista em Cuba e liderou a primeira Revolução Socialista das Américas. Em Cuba, universalizou o ensino, o direito à moradia e o sistema de saúde. Na África, ofereceu ajuda para os movimentos anticoloniais e autonomistas e lutou contra mercenários do regime do apartheid. Não acumulou bens e morreu jovem, no meio da selva, durante uma campanha revolucionária. É tratado, na melhor das hipóteses, como uma "personalidade polêmica" na mídia ocidental e, na pior, como um terrorista cruel e sanguinário.
Por que genocidas engravatados a serviço de bilionários matando com a pena na mão são considerados estadistas? Por que guerrilheiros com boinas enfrentando os interesses de monopolistas multimilionários e combatendo milícias nas selvas são considerados terroristas? Porque não são fatos históricos que determinam as narrativas sobre quem é herói e quem é vilão. São os interesses do capital e do poder econômico. Pra virar herói de Hollywood e ser incensado pela imprensa ocidental, é necessário sujar as mãos com muito sangue em prol dos interesses bilionários. Para ser tratado como demônio, basta contrariar esses mesmos interesses. Malcolm X já alertava: "se você não tomar cuidado, a mídia fará você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e amar as pessoas que estão oprimindo".
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