Operação Gideon
A Operação Gideon visava remover Nicolás Maduro do cargo de presidente da Venezuela. O ataque foi coordenado por Jordan Goudreau - um mercenário canadense-americano que atuou nas guerras do Iraque e do Afeganistão, responsável por fundar a Silvercorp em 2018. Sediada em Miami, a Silvercorp é um exército privado de aluguel ativa nos Estados Unidos, em Porto Rico e na Colômbia, contratada pelo governo dos Estados Unidos para prestar serviços de segurança para Donald Trump.
A operação ocorreu em um contexto de disputa internacional sobre a legitimidade do governo venezuelano. Em janeiro de 2019, Juan Guaidó, um político da oposição venezuelana que nunca disputou a eleição presidencial, se autoproclamou presidente da Venezuela, sendo imediatamente reconhecido pela gestão Trump como legítimo chefe-de-Estado da nação na OPEC. Pouco tempo depois, Donald Trump ofereceu uma recompensa de 15 milhões de dólares para quem prendesse Maduro e altos burocratas do governo venezuelano, após alegações de suposto envolvimento do mandatário venezuelano com o Cartel dos Sóis. Após o ataque, um documento descrevendo o objetivo da operação, firmado pela Silvercorp e por um membro do Comitê de Estratégia de Juan Guaidó chamado Juan José Rendón, veio a público. O documento detalhava possíveis cenários e planos para remover Maduro do poder e instalar Juan Guaidó como presidente.
Em 4 de maio de 2020, um grupo de 60 mercenários da Silvercorp, divididos em duas lanchas, zarparam da Colômbia rumo à costa venezuelana. O plano dos mercenários consistia em desembarcar nos arredores do Porto de Macuto e tomar o controle do Aeroporto Internacional Simón Bolívar, em Maiquetia. Em seguida, um grupo seguiria para o Palácio de Miraflores, sede do poder executivo venezuelano, para sequestrar ou matar Nicolás Maduro e a alta burocracia do governo. Os mercenários eram boinas-verdes (i.e., ex-combatentes das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos) e desertores das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas.
Um grupo de pescadores venezuelanos avistou as embarcações e alertou as autoridades. Com o apoio de cinco policiais do vilarejo e a ajuda de um helicóptero militar, os pescadores arquitetaram um plano de defesa na praia. Oito mercenários foram mortos na operação e outros dezessete invasores foram capturados - incluindo dois "boinas verdes" norte-americanos - Airan Berry e Luke Denman. Os mercenários foram amarrados com linhas e cordas dos pescadores e rendidos deitados de frente para o chão até a chegada das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas junto à "Casa do Pescador Socialista" - uma associação sindical cuja sede é decorada com os rostos de personagens históricos venezuelanos: Simón Bolívar, Francisco de Miranda, Ezequiel Zamora e Hugo Chávez.
Outros mercenários que escaparam da ação em Chuao foram presos nos dias seguintes, na cidade de Cepe e em outras localidades vizinhas, elevando o total de suspeitos detidos para mais de 40. Assim como no caso dos pescadores de Chuao, em todas essas prisões houve participação de civis que haviam passado por treinamentos militares administrados pela Milícia Nacional Bolivariana - um corpo de segurança que conforma um exército popular de civis com conhecimentos de técnicas militares, abrangendo cerca de quatro milhões de cidadãos.

Comentários
Postar um comentário