Vale do Anhangabaú

A urbanização do Vale do Anhangabaú remonta a 1877, quando a prefeitura de São Paulo desapropriou as chácaras locais e iniciou o processo de ocupação das margens. Após a canalização do Ribeirão Anhangabaú em 1906, o vale foi convertido em um grande bulevar, que se tornou uma das maiores áreas verdes da região central de São Paulo. Essa área foi continuamente remodelada até a década de trinta, quando, por pressão do crescimento demográfico, a prefeitura desfez o parque, substituindo-o por uma via expressa.

Foi a gestão Luiza Erundina que remodelou o Vale do Anhangabaú e deu os primeiros passos para a reconstrução do bulevar. Em 1990, no segundo ano do seu mandato, Erundina inaugurou o túnel sob o Vale do Anhangabaú - obra que era prometida desde o início dos anos oitenta, mas nunca saía do papel. A via subterrânea desafogou o trânsito da região e ao mesmo tempo liberou o espaço para a reconstituição do parque na superfície. A prefeitura iniciou a reforma do espaço, seguindo o projeto de autoria de Jorge Wilheim e Rosa Kliass, escolhido em concurso público. O projeto foi inaugurado em 1992. A antiga via expressa tornou-se então um parque de oito hectares, com canteiros, áreas verdes, espaço para pedestres, acesso direto às estações de metrô e infraestrutura para shows e eventos públicos.

Em 2017, a gestão Dória/Covas prometeu a "revitalização" do espaço, orçada em 79,9 milhões de reais, a ser executada pelo Consórcio Central. Além dos sucessivos atrasos na entrega, a obra sofreu uma série de reajustes no valor do contrato, que já custou quase 100 milhões de reais ao erário - montante quase dez vezes maior do que a previsão de arrecadação pelo contrato de concessão do espaço. A obra só deve ficar pronta em 2021, mas os resultados até agora têm sido muito criticados. Todos os canteiros e áreas verdes foram removidos e substituídos por um grande calçadão com chafarizes e iluminação embutidos - que já apresentaram falhas no primeiro teste, deixando o espaço inundado.

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