Os órfãos de Sankara


Fidel Castro recepcionando Thomas Sankara e um grupo de crianças burquinesas em Havana, Cuba.

Em 1986, após firmar um acordo com o governo cubano, o revolucionário marxista Thomas Sankara, presidente de Burquina Fasso, enviou um grupo de 600 crianças para Cuba, a fim de se formarem em cursos técnicos e superiores como medicina, agronomia, geologia e soldagem industrial, para que pudessem ajudar no progresso da nação africana quando retornassem. As crianças tinham entre 12 e 15 anos e foram selecionadas por critérios socioeconômicos - geralmente órfãos ou provenientes de famílias muito carentes das regiões rurais de Burquina Fasso.

No ano seguinte, entretanto, Thomas Sankara foi assassinado em um golpe de Estado orquestrado por Blaise Caompaoré, auxiliado por setores reacionários das forças armadas burquinesas e pelas agências de inteligência dos Estados Unidos e da França. Deposto o governo revolucionário, Blaise Compaoré encerrou unilateralmente o acordo com o governo cubano e ordenou que as crianças retornassem a Burquina Fasso. Com receio de que os adolescentes tivessem recebido algum tipo de educação marxista ou treinamento militar e temendo a possibilidade de que organizassem algum tipo de resistência revolucionária ao governo golpista, Blaise Caompaoré ordenou que seus diplomas não fossem validados e dispersou os jovens pelo país, enviando-os para regiões mais remotas e afastadas, próximas às fronteiras.

A história das crianças burquinesas enviadas para Cuba virou tema de um documentário francês de 2019, dirigido por Géraldine Berger, chamado "Os Órfãos de Sankara" (Les Orphelins de Sankara), que recebeu o prêmio de melhor documentário do Festival Pan-Africano de Cinema e Televisão de Ouagadougou.

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