Fundação da União Soviética
A fachada do Teatro Bolshoi decorada com as faces de Karl Marx, Friedrich Engels, Vladimir Lenin e Josef Stalin. Moscou, União Soviética, 1937. Foi no palco do Teatro Bolshoi que os delegados plenipotenciários de Rússia, Transcaucásia, Ucrânia e Bielorrússia se reuniram para anunciar formalmente a criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 30 de dezembro de 1922.
A União Soviética foi criada para ser uma potência socialista, apta a debelar as ameaças externas e de contrarrevolucionários domésticos e a proteger as conquistas e avanços sociais e políticos acumulados pelos bolcheviques desde a Revolução de Outubro de 1917. A nova nação herdava o modelo de organização política estabelecida desde a revolução socialista na Rússia, estruturada em sua base pelos sovietes - conselhos de trabalhadores das cidades e dos campos, que apontavam seus representantes nos distritos e províncias. A estrutura administrativa era coroada pelo Conselho dos Comissários do Povo, nomeado pelo Congresso do Sovietes, e pelo Supremo Soviete, órgão legislativo bicameral.
Ao longo de sete décadas, a União Soviética acumularia um impressionante histórico de conquistas, avanços sociais e pioneirismo. A economia nacional planificada operou modificações até então sem precedentes históricos. Em menos de três décadas, o país saiu de uma situação de pobreza generalizada e de estrutura socioeconômica semifeudal, oligárquica e agrária, para se tornar a segunda maior potência do mundo, desenvolvendo uma poderosa base industrial e convertendo-se numa referência mundial em desenvolvimento científico e tecnológico. Entre 1928 e 1970, a União Soviética liderou os índices mundiais de crescimento econômico, frequentemente com taxas superiores a 7% ao ano, ao mesmo tempo em que conseguiu alcançar indicadores excepcionais de distribuição de renda.
Em duas décadas, o analfabetismo, que atingia 80% da população russa, foi praticamente erradicado, ao passo que o número de russos com educação superior saltou de 250 mil, no início da década de vinte, para 13 milhões no fim dos anos cinquenta. A União Soviética também criou o primeiro sistema universal de saúde do mundo e investiu pesado em campanhas de saúde pública e vacinação, dobrando a expectativa de vida de sua população. A mortalidade infantil foi reduzida em níveis sem precedentes. A oferta de médicos e serviços do sistema soviético superava em larga escala os congêneres ocidentais. Nos anos setenta, os soviéticos tinham duas vezes mais médicos e quase quatro vezes mais leitos hospitalares dos que os estadunidenses.
A Constituição Soviética de 1936 foi um marco civilizatório, transformando a União Soviética no primeiro país do mundo a criminalizar o racismo, a xenofobia e a discriminação étnica. O país também foi um dos primeiros a descriminalizar a homossexualidade e o aborto, além de ter conduzido diversas ações pioneiras visando garantir a equidade de gênero, estabelecendo igualdade formal jurídica e cívica entre homens e mulheres, com pagamentos iguais e apoio formal à emancipação política e educacional feminina.
Igualmente relevantes foram as contribuições internacionais da União Soviética na luta contra o nazifascismo, o colonialismo europeu e o imperialismo estadunidense. Durante a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética foi responsável por abater 9 de cada 10 soldados nazistas que morreram no conflito e foi a antagonista da Alemanha em 80% de todas as batalhas travadas pelo Terceiro Reich. Os soviéticos foram, de longe, os maiores responsáveis pela derrota do nazismo, empregando o maior contingente de combatentes (2,6 vezes mais do que todos os outros aliados somados) e sofrendo a maioria das baixas - 27 milhões de soviéticos mortos. Durante a Guerra Fria, União Soviética foi a principal apoiadora dos ideais pan-africanistas, anticoloniais, revolucionários e autonomistas na África e na Ásia, tendo ajudado a financiar, treinar e armar dezenas de movimentos independentistas.
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