Luna 1

"A espaçonave Luna 1 se aproximando da Lua, 1959". Arte digital de Detlev Van Ravenswaay. Há 62 anos, em 4 de janeiro de 1959, a sonda soviética Luna 1 se tornava a primeira espaçonave a se aproximar da superfície lunar.

O lançamento da sonda Luna 1 foi o primeiro de uma série de missões espaciais não tripuladas enviadas à Lua pela União Soviética entre os anos de 1959 e 1976. Ao todo, os soviéticos lançaram 24 espaçonaves no âmbito do Programa Luna - 15 dos quais foram bem sucedidos. Os lançamentos inserem-se no contexto da corrida espacial. Durante a Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética estabeleceram forte concorrência pela primazia da exploração e desenvolvimento da tecnologia aeroespacial - vista como estratégica para o desenvolvimento dos sistemas de defesa e segurança nacional das duas superpotências. O pioneirismo nas conquistas aeroespacial também ajudaria a reforçar a narrativa política em favor dos sistemas políticos e econômicos dos dois países.

Luna 1 foi lançada às 16h41 do dia 2 de janeiro de 1959, do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, acoplada ao foguete Luna 8K72, tornando-se o primeiro objeto artificial da história a atingir a velocidade de escape da Terra. No dia seguinte, a sonda já estava a uma distância de 113.000 quilômetros da Terra e no dia 4 de janeiro tornou-se a primeira sonda a se aproximar da Lua, passando a aproximadamente 6.000 quilômetros de distância da superfície lunar. Luna 1 ficou sem bateria no dia 5 de janeiro de 1959, quando já estava a 597.000 quilômetros de distância da Terra, tornando-se impossível de se rastrear. Seu foguete está em órbita em torno do Sol até hoje, entre as órbitas da Terra e de Marte.

Luna 1 teve grande importância para o conhecimento do Sistema Solar e desenvolvimento da ciência aeroespacial. Foi o primeiro programa a produzir imagens com boa resolução da superfície lunar, bem como a primeira missão a efetuar observações e medições precisas dos ventos solares e a permitir o estudo das partículas do cinturão de radiação de Van Allen. O feito soviético foi comemorado por cientistas de todo o mundo, mas foi recepcionado com ceticismo e descrença pela imprensa estadunidense. Vários jornalistas dos Estados Unidos duvidaram da veracidade das alegações de sucesso dos soviéticos na missão. O escritor Lloyd Malan chegou a publicar um livro chamado "The Big Red Lie" ("A Grande Mentira Vermelha") acusando a União Soviética de ter simulado a missão espacial. A despeito disso, os próprios centros aeroespaciais do governo dos Estados Unidos confirmaram a veracidade da missão, ao captar sinais da espaçonave soviética a partir do segundo dia do lançamento.

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