Massacre de Acteal

Mexicanos pedem punição para os paramilitares que assassinaram 45 indígenas do povo Tsotsis durante o Massacre de Acteal, carregando cruzes com os nomes e idades das vítimas - a maioria crianças e mulheres. Chiapas, México, junho de 2012.

O Massacre de Acteal foi uma chacina perpetrada em 22 de dezembro de 1997, vitimando uma comunidade habitada pelo povo maia Tsotsis, localizada no município mexicano de Chenalhó, em Chiapas. Os indígenas estavam rezando no interior de uma igreja quando um grupo de 90 paramilitares fortemente armados invadiu o templo e iniciou um massacre, assassinando 45 pessoas. Dentre as vítimas, 16 eram crianças e adolescentes (as mais novas com 2 anos de idade), 20 eram mulheres (incluindo 7 grávidas) e nove eram homens.

Os indígenas chacinados pertenciam a um grupo conhecido como "Las Abejas" - uma comunidade cristã e pacifista, cujo objetivo é a promoção da paz, da justiça e oposição ao neoliberalismo. Em 1994, a comunidade de "Las Abejas" manifestou apoio ao Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) - uma organização político-militar e guerrilheira de indígenas mexicanos, inspirada no anarcossindicalismo e nos ideais de Emiliano Zapata e Ricardo Flores Magón, que tem por objetivo viabilizar uma revolução socialista e defender a justiça social.

O massacre foi motivado por razões ideológicas e perpetrado por grupos paramilitares de extrema direita que combatem o EZLN, como uma represália ao apoio da comunidade de "Las Abejas" aos guerrilheiros zapatistas. Embora o massacre tenha se arrastado por quase sete horas e ocorrido bem ao lado de um posto das Forças Armadas mexicanas, os militares não intervieram para evitar a chacina. Ao contrário: relatos de sobreviventes afirmam que os militares ajudaram a lavar o sangue das paredes da igreja no dia seguinte. A única ação dos militares ocorreu em represália aos próprios sobreviventes. Logo após o massacre, 100 indígenas foram presos na penitenciária de Tuxtla Gutiérrez.

Somente após forte pressão de movimentos sociais, organizações de defesa dos direitos humanos e parlamentares de esquerda, a Procuradoria Geral da República ordenou a investigação sobre a autoria dos massacres. Não obstante, apenas oito paramilitares foram levados a julgamento - todos ex-oficiais das forças de segurança pública. Os oficiais foram condenados a penas de até três anos de prisão, mas foram libertados logo em seguida. Os indígenas mexicanos seguem pressionando pela punição dos assassinos do Massacre de Acteal até os dias de hoje.

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