Rosa Luxemburgo
Rosa Luxemburgo nasceu em 5 de março de 1871, em uma afluente família judia em Lublin, Polônia. Mudou-se com seus pais para Varsóvia, onde concluiu seus estudos básicos. Ingressou ainda jovem no Partido do Proletariado e deu início ao seu ativismo organizando uma greve geral, brutalmente reprimida pelo governo polonês. Foi presa logo em seguida, mas conseguiu escapar e se refugiou na Suíça. Em 1889, ingressou na Universidade de Zurique, onde estudou filosofia, história, ciência política, economia e matemática. Doutorou-se em 1898, apresentando a tese "O desenvolvimento industrial da Polônia".
Aprofundou-se nos estudos marxistas nos anos seguintes e travou contato com membros do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), tais como Georgi Plekhanov e Pavel Akselrod. Em 1893, fundou o jornal "A Causa Operária", onde publicou uma série de artigos criticando as políticas nacionalistas do Partido Socialista Polonês. Embora defendesse a autonomia polonesa, Rosa Luxemburgo acreditava que o enfoque na autodeterminação das minorias nacionais era uma estratégia equivocada que resultaria no enfraquecimento do movimento socialista internacional e no fortalecimento da burguesia. Ao lado de Leo Jogiches, Rosa Luxemburgo fundou o Partido Social-Democrata do Reino da Polônia (SDRP), assumindo o cargo de porta-voz e teórica da agremiação.
Mudou-se para a Alemanha em 1897 e aceitou um casamento por conveniência com Gustav Lübeck, a fim de obter a cidadania alemã. Filiou-se em seguida ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e voltou à agitação revolucionária. Em 1900, publicou "Reforma ou Revolução?", onde criticava o revisionismo da teoria marxista empreendido por Eduard Bernstein, identificando suas ideias como uma "renúncia à transformação social". Rosa Luxemburgo não rejeitava o reformismo, mas o considerava válido somente como uma estratégia que conduzisse à revolução, advertindo que as reformas ininterruptas do capitalismo se transformariam em apoio permanente à burguesia, afastando cada vez mais a possibilidade de construção do socialismo. Sua campanha em prol da expulsão dos revisionistas do SPD foi malsucedida, mas conseguiu convencer o dirigente Karl Kautsky a manter a teoria marxista no programa do partido. Também manifestou seu desacordo com Lenin tanto em relação à organização do SPD como sobre a concepção da social-democracia enquanto estratégia revolucionária.
Em 1904, Rosa Luxemburgo foi presa por dois meses por "insultar o Kaiser". Durante a Revolução de 1905 na Rússia, defendeu a teoria marxista e se opôs aos mencheviques. Mudou-se para Varsóvia intencionando participar da sublevação, mas foi novamente presa. Na cadeia, escreveu "Greve de Massas, Partido e Sindicatos", onde teorizava que a greve de massas era o principal instrumento de luta revolucionária do proletariado - tese que recebeu forte oposição de August Bebel e Karl Kautsky. Em 1907, enfrentou mais uma prisão política de dois meses. Posta em liberdade, participou do Congresso dos Sociais Democratas Russos em Londres, onde encontrou-se pessoalmente com Lenin. Também tomou parte no sétimo congresso da Segunda Internacional, onde apresentou uma resolução sobre a necessidade de cooperação dos partidos trabalhistas para a manutenção da paz na Europa. Ainda em 1907, assumiu o cargo de professora de economia política e história econômica na Escola do Partido Social Democrata. Nessa função, escreveu "A Acumulação do Capital", onde defende a tese de que o imperialismo é inerente ao capitalismo, e "Introdução à Economia Política". Publicou outros textos reforçando sua oposição ao revisionismo e, em 1910, rompeu em definitivo com Karl Kautsky, quando este se recusou a apoiar sua campanha em favor do fim da monarquia na Alemanha.
Em 1914, a bancada do Partido Social-Democrata alemão no Reichstag votou a favor da viabilização de créditos para que o país ingressasse na Primeira Guerra Mundial. Consternada pela decisão de seu partido, Rosa Luxemburgo aliou-se a Karl Liebknecht, único parlamentar do SPD a votar contra, e fundou o grupo Internationale, que logo se tornaria Liga Espartaquista, na qual ingressaram nomes como Clara Zetkin e Franz Mehring, entre outros. O grupo defendia que os soldados alemães deveriam abandonar o conflito internacional e lutar pela revolução socialista na Alemanha. Em 1915, Rosa Luxemburgo foi novamente presa por agitação antimilitarista e por seus discursos condenando a guerra e o imperialismo, ficando encarcerada por três anos. Mesmo presa, deu continuidade ao seu ativismo político e à sua produção intelectual. Ainda em 1915, concebeu "O Folheto Junius", onde estabelecia a base teórica da Liga Espartaquista. Dois anos depois, escreveu "A Revolução Russa", analisando os eventos da Revolução de 1917. Na obra, Rosa Luxemburgo enalteceu a iniciativa dos revolucionários e a importância histórica do evento, mas criticou a "violência" e a "incompreensão dos bolcheviques no tocante à democracia".
No Partido Social-Democrata, as tensões e divisões internas atingiram seu ápice em 1917, quando a Liga Espartaquista foi expulsa da agremiação, junto com um grupo de filiados que faziam oposição à corrente majoritária. Os militantes expulsos se reorganizaram, fundando a o Partido Social-Democrata Independente (PSDI). A princípio, a Liga Espartaquista foi agregada aos quadros do PSDI, mantendo seu próprio programa político e organização interna. A situação mudaria radicalmente com a eclosão da Revolução Alemã em 1918. A derrota alemã na Primeira Guerra Mundial ensejou uma série de sublevações militares que acabaram por resultar na abdicação do imperador Guilherme II e na abolição da monarquia. O Partido Social-Democrata havia ajudado a orquestrar o levante, obtendo o poder provisório, mas temia que a revolta evoluísse para uma revolução socialista com a criação de conselhos ao estilo soviético. Preferiu então aliar-se aos liberais e reintegrar as oligarquias em uma república parlamentarista, liderada por Friedrich Ebert. O PSDI aceitou integrar o novo governo. Defendendo a revolução, a Liga Espartaquista abandou a legenda.
Em meio às disputas e a contragosto do governo alemão, Rosa Luxemburgo foi libertada. Logo se reuniu com Karl Liebknecht, também recentemente libertado, e deu início à agitação popular, insuflando as massas a apoiarem a revolução socialista. Para difundir os ideais revolucionários, lançaram o jornal "Bandeira Vermelha". Em dezembro de 1918, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht fundaram o Partido Comunista da Alemanha. No mês seguinte, Liebknecht deu início ao Levante Espartaquista, encampando a defesa da greve geral e conclamando os populares a se juntarem às batalhas campais nas ruas de Berlim. Em resposta, o líder social-democrata Friedrich Ebert decretou estado de sítio e ordenou que os Freikorps (grupos paramilitares de veteranos da Primeira Guerra) esmagassem o Levante Espartaquista.
Em 15 de janeiro de 1919, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht foram presos e levados para Hotel Eden, em Berlim, onde foram barbaramente torturados. O capitão Waldemar Pabst ordenou em seguida que fossem eliminados. Rosa Luxemburgo foi derrubada com uma coronhada de espingardada e executada com um tiro na cabeça. Seu corpo foi posteriormente lançado no Canal Landwehr. Karl Liebknecht foi baleado pelas costas e entregue sem identificação a um necrotério. Leo Jogiches seria assassinado pelo mesmo grupo dois meses depois. O corpo de Rosa Luxemburgo só foi encontrado quase seis meses mais tarde, causando grande comoção na esquerda alemã. Uma investigação realizada em 1999 pelo governo alemão confirmou que os paramilitares haviam sido instruídos e pagos pelos governantes sociais-democratas para assassinar os dois revolucionários.
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