Bombardeio de Praga
Civis observam o bairro de Liben, destruído durante o equivocado Bombardeio de Praga. Em 14 de fevereiro de 1945, a Força Aérea dos Estados Unidos atacou por engano a cidade de Praga, capital da Tchecoslováquia, pensando se tratar da cidade alemã de Dresden.
Em fevereiro de 1945, a Segunda Guerra Mundial se encaminhava para o seu desfecho. As tropas da União Soviética já haviam libertado quase todo o Leste Europeu durante a Ofensiva de Vistula-Oder e agora já marchavam em solo alemão, obrigando as forças nazistas a recuarem até Berlim. O Exército Vermelho ficou responsável por realizar quase todo o trabalho pesado durante a ofensiva, cabendo aos aliados ocidentais coordenar operações de apoio. Entre essas operações, estavam os ataques aéreos à Alemanha Nazista, com a finalidade de manter a Luftwaffe ocupada enquanto as tropas soviéticas avançavam. Entre 13 e 15 de fevereiro de 1945, Estados Unidos e Reino Unido iniciaram uma campanha de bombardeio contra a cidade alemã de Dresden, um importante centro industrial e sede de guarnições militares da Alemanha nazista.
Em 14 de fevereiro de 1945, um esquadrão composto por 60 bombardeiros B-17 Flying Fortress da Força Aérea dos Estados Unidos se perdeu enquanto voava rumo a Dresden. Uma combinação de más condições climáticas e falhas no sistema de navegação levou os estadunidenses a ultrapassarem o alvo em mais de 120 quilômetros. Quando sobrevoavam a cidade de Praga, o subcomandante do esquadrão, acreditando se tratar de Dresden, ordenou o ataque. Alguns pilotos tentaram alertar sobre o erro, mas foram impedidos, de modo a não quebrar o silêncio do rádio e evitar que a posição das aeronaves fosse revelada.
O esquadrão estadunidense começou então o ataque contra áreas civis da capital de um país aliado. As aeronaves despejaram 152 toneladas de bombas sobre áreas densamente povoadas de Praga, devastando bairros inteiros como Liben, Nusle, Zlíchov e Vršovice. O bombardeio de Praga custou 1.200 vidas e feriu outras milhares de pessoas. Todas as vítimas eram civis. Nenhuma das grandes fábricas da cidade ou instalações militares potencialmente úteis aos invasores nazistas foram atingidas. O bombardeio se restringiu às áreas residenciais, olarias e pequenos edifícios comerciais. Cerca de cem edificações históricas, como o Mosteiro de Emaús, a Casa de Fausto e a Sinagoga Vinohrady, foram arruinadas. Outros duzentos prédios históricos foram parcialmente destruídos. Muitos animais também pereceram no ataque, pois o bombardeio atingiu o zoológico da cidade.
Após se dar conta do erro, a Força Aérea dos Estados Unidos proibiu seus pilotos de falarem sobre o ocorrido. O governo dos Estados Unidos ainda ensaiou uma justificativa negacionista, afirmando que o esquadrão sobrevoara Praga para jogar panfletos, mas acabou admitindo o equívoco e pedindo desculpas formais pelo ataque. Nem todos os tchecos acreditaram se tratar de um erro. Testemunha ocular dos ataques, Zdenék Podraha afirmou: "Acho que não foi uma coincidência, embora muitas pessoas digam isso. Os aviões que bombardearam Praga não pertenciam ao grupo principal de bombardeiros pesados que provavelmente voaram para Dresden. Houve apenas alguns aviões que deram meia-volta e voaram de direções diferentes. Talvez eles tenham sentido vontade de se livrar de algumas bombas. Além de uma pequena estação, nada de importância estratégica foi destruído. Foi estranho porque nem todos os bombardeiros confundiram Praga com Dresden. A unidade principal continuou voando e ignorou o bombardeio contra Praga."
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