Mikhail Devyatayev

Retrato de Mikhail Devyatayev, piloto soviético e herói da Segunda Guerra Mundial. Em 8 de fevereiro de 1945, Devyatayev e outros nove prisioneiros de guerra empreenderam uma espetacular fuga do campo de concentração nazista de Usedom, sequestrando uma aeronave da Luftwaffe, a força aérea alemã, para retornar à União Soviética.

Mikhail Devyatayev nasceu Torbeyevo, na Rússia, em 8 de julho de 1917, em uma família humilde de camponeses mordovianos. Formou-se pela Escola de Navegação Fluvial em 1938 e começou a trabalhar nesse mesmo ano como capitão de um pequeno navio do Volga. Com o início da Segunda Guerra Mundial, Mikhail foi convocado pelo Exército Vermelho e enviado para aprender a pilotar na Escola de Voo Chkalov, onde se graduou em 1940.

Em junho de 1941, durante a invasão da União Soviética pelas tropas da Alemanha nazista, Mikhail foi um dos primeiros pilotos soviéticos a abater uma aeronave da Luftwaffe, ao derrubar um Junkers Ju 87. Por seu excelente desempenho, foi condecorado com a Ordem da Bandeira Vermelha. Em setembro de 1941, Mikhail foi gravemente ferido em combate, permanecendo afastado das missões por um longo período. Retomou a função de piloto de caça como comandante do 104º Regimento de Aviação de Caça de Guardas, onde conheceu o famoso ás soviético Alexander Pokryshkin. Na função de comandante do regimento, Mikhail abateu outras nove aeronaves inimigas.

Em julho de 1944, o avião de Mikhail foi abatido durante uma missão nos arredores de Lviv e o piloto foi capturado pelos militares alemães e enviado para uma prisão em Lodz. Tentou fugir da prisão, mas foi impedido e transferido para o campo de concentração de Sachsenhausen. Informado sobre a brutalidade dos guardas nazistas contra pilotos, conseguiu trocar sua identidade com a de um soldado soviético de infantaria já falecido. Sob sua nova identidade, foi enviado para o campo de concentração de Usedom, na ilha de Peenemünde, Polônia, onde a Alemanha nazista desenvolvia seu programa de mísseis. Neste local, Mikhail passou a integrar a força de trabalho escrava utilizada na manutenção das pistas de pouso e na desativação manual de bombas. O campo de Usedom era conhecido pela crueldade dos guardas e pela alta taxa de letalidade dos prisioneiros e Mikhail logo deduziu que, por mais remotas que fossem as chances de fuga, era preferível tentar escapar do que aguardar a morte certa no campo.

Mikhail convenceu então outros três soldados soviéticos aprisionados - Sokolov, Krivonogov e Nemchenko - a auxiliá-lo com o plano de fuga. Aproveitando-se do horário do almoço, quando a maioria dos guardas do campo estavam ausentes, Krivonogov matou o único soldado que estava vigiando o grupo com um pé de cabra. Enquanto os outros escondiam o corpo, o prisioneiro Peter Kutergin vestia-se com a farda do guarda alemão. Em seguida, simulou que estava escoltando os prisioneiros soviéticos até o pátio das aeronaves para executar uma manutenção. No pátio, os dez soldados soviéticos sequestraram um bombardeiro Heinkel He 111 e fugiram do campo voando.

Os alemães tentaram interceptar o bombardeiro, mas o experiente Mikhail conseguiu escapar. Rumaram direto para a União Soviética, mas não conseguiram contatar as bases aéreas do país para informar sobre o status da aeronave. Assim, as defesas aéreas soviéticas atacaram o bombardeiro alemão tão logo o detectaram, danificando a aeronave e forçando o seu pouso. Os militares explicaram o ocorrido, mas a NKVD - a polícia secreta soviética - suspeitou do relato, argumentando que seria impossível prisioneiros fugirem de avião de um campo de concentração nazista sem consentimento dos alemães. O grupo foi colocado em observação em uma unidade militar até que os oficiais soviéticos se convencessem de que o relato era verídico.

Mikhail e os demais soldados soviéticos forneceram relatos essenciais para o Exército Vermelho sobre o programa de mísseis alemão, nomeadamente sobre o desenvolvimento dos mísseis V-1 e V-2. Também forneceram importantes subsídios para o desenvolvimento do programa espacial soviético. Mikhail foi declarado Herói Nacional da União Soviética em 1957. Dispensado do Exército Vermelho, passou a morar em Cazã, onde retomou a atividade de capitão de barcos de passageiros do Volga. Publicou uma biografia em 1972. Faleceu em Cazã, em 24 de novembro de 2002, aos 85 anos. Há um museu dedicado à sua memória na sua cidade natal e monumentos o homenageando em Usedom e Cazã.

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