Julgamentos de Nuremberg e Kiev
Cidadãos soviéticos testemunham a execução pública de oficiais nazistas condenados à morte por crimes contra a humanidade. Kiev, Ucrânia, 24 de janeiro de 1946.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e Grã Bretanha empreenderam um grande esforço de cooptação de cientistas e técnicos nazistas, oferecendo empregos, anistia e imunidade processual em troca da colaboração. Ao mesmo tempo, os países ocidentais trataram de encobrir e proteger os empresários, líderes políticos e alto oficialato das forças armadas alemãs da responsabilização pelos crimes de guerra cometidos durante o Terceiro Reich.
A condução dos chamados "julgamentos de Nuremberg" - tribunais militares, organizados pelos Aliados para julgar os proeminentes membros da liderança política, militar e econômica da Alemanha Nazista - foram bastante criticados pela seletividade na aplicação das sentenças, absolvendo ou abrandando as penas do alto empresariado e dos líderes políticos e militares. Quase todos nazistas condenados à morte pelos tribunais de Nuremberg eram guardas ou soldados de baixa patente.
A situação contrasta enormemente com os julgamentos militares conduzidos pela União Soviética, nomeadamente os julgamentos de Kiev, onde quase todos os condenados à morte eram oficiais nazistas de alta patente. Os soviéticos também expressaram o descontentamento com a aplicação seletiva das penas nos julgamentos de Nuremberg. Por ocasião da absolvição do banqueiro nazista Hjalmar Schacht e do vice-chanceler do Reich, Franz von Papen, o secretário da delegação soviética, Arkady Poltorak, comentou: "no dia seguinte [ao julgamento], no laboratório fotográfico do Palácio da Justiça de Nuremberg, me entregaram uma foto... Havia algo totalmente repulsivo naquela imagem. Militares norte-americanos apertavam com entusiasmo a mão de Schacht e Papen, parabenizando-os com alegria, como se estivessem felicitando um ente querido que se recuperou de uma cirurgia difícil e aparentemente sem esperança."
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