I Partigiani: os Partisans da Resistência Italiana


Um grupo de partisans italianos (ou "partigiani") atentos às instruções de uma missão para neutralizar franco-atiradores nazistas em Pistoia, em 9 de dezembro de 1944.

Os partisans eram civis que integraram a Resistência Italiana — movimento armado de oposição ao governo fascista de Benito Mussolini e à ocupação da Itália pelas tropas da Alemanha nazista. Entre setembro de 1943 e abril de 1945, os partisans conduziram guerrilhas, ações de espionagem e sabotagem, greves, agitações e levantes populares e ações de enfrentamento aberto contra tropas regulares dos exércitos nazifascistas. Mais de 250.000 civis se juntaram à Resistência Italiana — e aproximadamente 50.000 morreram durante o conflito. O grupo consistia em pessoas de tendências políticas diversas, da extrema esquerda à democracia cristã, com participação predominante de comunistas e socialistas.

A Resistência foi organizada a partir da ação de algumas unidades regulares das Forças Armadas italianas e dos carabineiros (polícia militar), que iniciaram o combate contra tropas alemãs após a assinatura do Armistício de Cassibile, em setembro de 1943. Com a progressiva desarticulação do Exército Italiano e a ocupação da península itálica pelas tropas da Wehrmacht e da Schutzstaffel (SS), coube aos civis a tarefa de confrontar os invasores nazistas. Eventos como a Batalha de Piombino, em que civis se rebelaram contra a colaboração entre militares italianos e autoridades alemãs, e a caótica rebelião popular chamada de "Quatro Dias de Nápoles" ajudaram a insuflar o movimento.

Os partisans se organizaram politicamente em uma frente de partidos políticos e movimentos armados denominada Comitê de Libertação Nacional (CLN). Eram três as principais formações — as Brigadas Comunistas Garibaldi (ligadas ao Partido Comunista Italiano, 41% do efetivo total da Resistência Italiana), as Brigadas Socialistas Matteotti (organizadas pelo Partido Socialista Italiano) e as Brigadas Justiça e Liberdade (do Partido de Ação). Grupos menores incluíam anarquistas, liberais, democratas cristãos e monarquistas. Alguns grupos anarquistas e movimentos comunistas dissidentes (tais como o Stella Rossa de Torino e o Movimento Comunista da Itália) representaram um desafio à composição da frente nacional, por sua recusa em colaborar com os "partidos burgueses".

O movimento contou com grande participação feminina, tanto na linha de frente como em atividades de gabinete (cerca 35.000 combatentes e 20.000 colaboradoras). Os guerrilheiros utilizavam as armas apreendidas dos próprios ocupantes alemães, equipamentos enviados pelos Aliados ou entregues por soldados desertores das Forças Armadas da Itália. A população italiana por sua vez colaborou com alimentação, suprimentos, medicamentos e estadia. Muitos estrangeiros também se juntaram à resistência, constituindo as chamadas "Missões Militares", que reuniam ex-prisioneiros de guerra e combatentes iugoslavos, tchecos, soviéticos, gregos, espanhóis, poloneses, etc.

Os partisans auxiliaram as tropas regulares das Forças Aliadas na derrubada da República de Salò, coordenando greves gerais e insurreições populares nos grandes centros urbanos da Itália Setentrional em abril de 1945. Os partisans atacaram as forças alemãs em Bolonha, Turim, Milão e Gênova, capturando milhares de soldados nazistas e facilitando a ação dos exércitos aliados, levando ao fim da ocupação nazista na Itália em 25 de abril de 1945, comemorado desde então como "Dia da Libertação". Foram igualmente responsáveis pela captura e execução do ditador Benito Mussolini e de outros membros da cúpula do Partido Fascista italiano, e tomaram parte da organização da Assembleia Constituinte de 1946, que referendou a abolição da monarquia e a proclamação da República Italiana em 1º de janeiro de 1948.

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