O Massacre de Ponce


Manifestantes porto-riquenhos são fuzilados pela polícia por ordem do governador Blanton Winship, subordinado ao presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt, durante o Massacre de Ponc. Porto Rico, 21 de março de 1937.

Colonizada pela Espanha desde 1493, a ilha de Porto Rico só conseguiu obter certo grau de autonomia em 1897, após a publicação de um decreto da coroa espanhola. A autonomia, entretanto, teve curta duração. Em 1898, derrotada na Guerra Hispano-Americana, a Espanha foi obrigada a ceder as colônias de Porto Rico, Cuba, Guam e Filipinas para os Estados Unidos, por intermédio do Tratado de Paris. Interessados em explorar as terras férteis da ilha, propícias à plantação de café e cana-de-açúcar, os Estados Unidos transformaram Porto Rico em um protetorado e o mantiveram sob estrito controle militar, sufocando os movimentos autonomistas que reivindicavam a independência do território.

Em 1922, foi fundado o Partido Nacionalista de Porto Rico, que logo se tornaria a principal organização autonomista da ilha. Seu líder era Pedro Albizu Campos, responsável por articular campanhas de afirmação da identidade nacional e protestos contra o imperialismo e o domínio estadunidense sobre Porto Rico. Na década de trinta, Albizu Campos coordenou uma série de greves na ilha e auxiliou os trabalhadores dos canaviais a se organizarem para processar as companhias açucareiras estadunidenses. O governo dos Estados Unidos respondeu intensificando a repressão ao movimento independentista, atacando os nacionalistas durante os distúrbios da Universidade de Porto Rico e no Massacre de Río Piedras. Albizu Campos também seria preso, acusado de sedição.

Os correligionários do Partido Nacionalista decidiram então organizar uma marcha pacífica na cidade de Ponce no dia 21 de março de 1937, em protesto contra a prisão de Albizu Campos e em comemoração ao aniversário da abolição da escravatura. O prefeito de Ponce já havia autorizado a manifestação, mas o general Blanton Winship, governador de Porto Rico nomeado para o cargo pelo presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, exigiu o cancelamento da permissão e ordenou ao Chefe da Polícia Insular, coronel Enrique de Orbeta, que impedisse a realização da marcha "por todos os meio necessários". Um contingente de mais de 200 soldados fortemente armados foi preparado para debelar a manifestação.

Os manifestantes não foram avisados sobre o cancelamento da autorização para o ato e compareceram ao local marcado para o protesto no dia 21 de março. Quando começaram a marchar ao som de "La Borinqueña", canção nacional de Porto Rico, a Polícia Insular abriu fogo contra os manifestantes, matando 17 civis desarmados e outros dois Cadetes da República que marchavam junto com os nacionalistas. Outros 235 civis ficaram gravemente feridos. Muitos foram perseguidos e espancados até a morte pela polícia enquanto tentavam escapar.

O massacre causou indignação entre os porto-riquenhos e parte da opinião pública estadunidense, que passaram a pressionar o presidente Roosevelt, ao lado da oposição no congresso. O governo estadunidense instalou uma comissão de direitos civis para investigar o massacre. A investigação apontou a responsabilidade do governador de Porto Rico, Blanton Winship. O governador foi destituído do cargo em 1939, mas, assim como seus subordinados, nunca foi processado ou repreendido pelo massacre.

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