O Primeiro Congresso Operário Brasileiro
Delegados do Primeiro Congresso Operário Brasileiro se reúnem no Centro Galego, no Rio de Janeiro, em 15 de abril de 1906.
No Brasil, as primeiras iniciativas de organização do movimento trabalhista datam da segunda metade do século XIX. Esse processo se intensificou após a Proclamação da República, quando se multiplicaram as fraternidades, ligas e associações operárias e surgiu o movimento grevista. Desde 1892, várias tentativas de articulação do movimento operário foram organizadas, mas tiveram alcance limitado.
As Federações Operárias do Rio de Janeiro (FORJ), de São Paulo (FOSP) e Rio Grande do Sul (FORGS) e a imprensa operária, muito ativa à época, tiveram grande importância na expansão das ideias do sindicalismo. A classe trabalhadora, entretanto, carecia ainda de um movimento abrangente, que articulasse as organizações operárias em torno de pautas unificadas em nível nacional. Visando uniformizar as reivindicações e fortalecer a unidade da classe trabalhadora, as organizações operárias decidiram convocar um congresso nacional.
O Primeiro Congresso Operário Brasileiro foi realizado no auditório do Centro Galego, localizado na Rua da Constituição, Rio de Janeiro, então capital federal. Marco do movimento operário nacional, o congresso se estendeu por oito dias, tendo sido encerrado em 22 de abril no Teatro Lucinda, ao som de "A Internacional". Era a primeira vez em que organizações operárias de todo o país se reuniam.
O evento contou com participação de várias correntes do incipiente sindicalismo brasileiro - incluindo socialistas, anarquistas e anarcossindicalistas - e foi centrado na discussão das teses do sindicalismo revolucionário e na defesa das estratégias pautadas pela ação direta. Não obstante, visando consolidar uma agenda comum e evitar o sectarismo político, as resoluções do congresso foram mais pautadas pelo pragmatismo do que pela defesa do ideário revolucionário.
Participaram do congresso 43 delegados representando 28 sindicatos e organizações civis. Entre os nomes de destaque no evento, estavam Edgard Leuenroth, Mota Assunção, Luiz Magrassi, Alfredo Vasques e Pinto Machado. Várias resoluções foram aprovadas durante o encontro, incluindo a mobilização nacional pela jornada de trabalho de oito horas diárias, a neutralidade política da atividade sindical e a primazia dos aspectos econômicos das reivindicações operárias. Aprovou-se igualmente que a celebração do Primeiro de Maio deveria ocorrer na forma de protesto, não de festejos, e decidiu-se o modelo organizacional padrão para os sindicatos. Também foram subscritas as declarações de repúdio ao trabalho infantil e à superexploração da mão-de-obra feminina.
Ainda como desdobramentos do congresso, os trabalhadores decidiram organizar um grande comício para o Dia do Trabalhador e convocaram a greve geral de maio de 1907, que teve como demanda principal a redução da jornada de trabalho. Também durante o congresso, os delegados pactuaram a criação da Confederação Operária Brasileira (COB). Fundada dois anos depois, em 1908, a COB foi a primeira central sindical do país, reunindo cerca de 50 sindicatos. Por fim, os delegados também aprovaram a fundação do jornal "A Voz do Trabalhador", que serviria de órgão oficial de imprensa da COB e circularia entre os anos de 1908 e 1915.
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