Hans-Georg Henke e o ocaso da Alemanha nazista


Hans-Georg Henke, um soldado de 15 anos da Alemanha nazista, se desespera após ser capturado por soldados soviéticos.

Desde meados de 1944, a maioria dos oficiais da Wehrmacht — as Forças Armadas da Alemanha nazista — já tinha consciência de que a guerra estava perdida. Arquitetada pelo Exército Vermelho, a Operação Bagration dizimou 28 das 34 divisões do Grupo de Exércitos Centro da Wehrmacht. Em apenas dois meses, os soviéticos mataram ou capturaram quase um milhão de soldados nazistas. O avanço das tropas soviéticas obrigou a Alemanha a abandonar as pretensões de reverter o quadro, concentrando-se meramente em tentar evitar a tomada de Berlim. Em abril de 1945, quando o Exército Vermelho já cercava a capital alemã, as defesas nazistas estavam em péssimo estado. Parte substancial dos soldados regulares da Wehrmacht já estavam mortos, capturados, feridos ou haviam desertado. Assim, o comando nazista passou a enviar as tropas paramilitares da Waffen-SS e da Wolkssturm para lutar contra os soviéticos. À medida que esses efetivos também se tornaram escassos, os nazistas começaram a enviar crianças e adolescentes para o campo de batalha.

Um desses jovens era Hans-Georg Henke, de apenas 15 anos. Henke perdeu os pais na Segunda Guerra Mundial. Seu pai, um opositor do regime nazista e simpatizante do ideário comunista, morrera no começo do conflito, em 1939. A mãe faleceu em 1944. Para sustentar os irmãos mais jovens, Henke aceitou um emprego na Luftwaffe, a Força Aérea alemã. Durante a Batalha de Berlim, Henke acompanhava uma unidade da artilharia nazista em Stettin. À medida que os soviéticos avançavam, os alemães foram forçados a recuar até Rostock, onde foram capturados pelo Exército Vermelho. Após a rendição, o jovem se desesperou e começou a chorar copiosamente. O fotojornalista John Florea capturou a reação do adolescente.

O medo do jovem derivava da intensa campanha de satanização que Joseph Goebbels e os oficiais nazistas conduziam contra o Exército Vermelho, assegurando ao povo alemão que os soviéticos cometeriam todo tipo de barbaridade contra os civis caso vencessem a guerra. Henke, entretanto, foi muito bem tratado. Os soldados soviéticos cuidaram de seus ferimentos e o alimentaram. Posteriormente, encaminharam o jovem e os demais meninos soldados para suas casas. Henke voltou para sua cidade natal em Finsterwalde, onde se reencontrou com seus irmãos. Ele posteriormente viveria na Alemanha Oriental e chegou a se filiar ao Partido Comunista. Faleceu em 1997, aos 67 anos.

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