Maximilien de Robespierre

Retrato de Maximilien de Robespierre, líder dos Jacobinos durante a Revolução Francesa.

Robespierre nasceu em 6 de maio de 1758, em uma família da pequena burguesia de Arras, no departamento francês de Pas-de-Calais. Perdeu a mãe muito cedo e foi abandonado pelo pai aos sete anos de idade, passando a ser criado pelos avós maternos. Aluno aplicado, estudou no Colégio Arras, onde aprendeu latim e oratória. Recebeu posteriormente uma bolsa de estudos e ingressou no Colégio Luís, o Grande, vinculado à Universidade de Paris. Radicalizou-se politicamente após o contato com o pensamento de d’Alembert e Jean-Jacques Rousseau, convencendo-se de que a sociedade havia se degradado e submetido o homem à escravidão. Formou-se em direito em 1780 e retornou à sua cidade natal, onde passou a advogar para as classes marginalizadas. Ingressou no Conselho Provincial de Artois em 1781.

Eleito deputado em abril de 1789, representou o Terceiro Estado da região de Artois, tomando parte da Assembleia dos Estados Gerais convocada para discutir a crise política e econômica da França. Alinhando-se ao clima de radicalização das massas, apoiou a Tomada da Bastilha e a jornada revolucionária. Ganhou notoriedade em janeiro de 1790, quando fez um discurso inflamado sobre a igualdade, defendendo que todos os franceses deveriam ter direito a ingressar no serviço público sem quaisquer distinções além de seus talentos e virtudes. Dois meses depois, assumiu a direção do Clube dos Jacobinos e ganhou um número crescente de seguidores, atraídos por sua retórica enérgica, tornando-se líder inconteste das alas mais radicais e um dos principais organizadores da Revolução Francesa. Robespierre foi um dos principais agitadores da insurreição do Campo de Marte, sendo aclamado com o epíteto de "Incorruptível Defensor do Povo".

Robespierre tornou-se líder dos jacobinos na Assembleia Constituinte. Combateu energicamente o discurso de moderação de Jacques Pierre Brissot, opondo-se igualmente ao modelo parlamentar pretendido pelos girondinos. Membro da Comuna de Paris, Robespierre foi posteriormente eleito deputado da Convenção Nacional, liderando o chamado grupo dos montanheses. Na Convenção, intensificou o combate aos girondinos e votou a favor da condenação e execução do rei Luís XVI durante os processos da nobreza. O assassinato de Jean-Paul Marat em julho de 1793 ensejou uma nova onda de represálias contra girondinos e monarquistas. A conivência dos girondinos com o general Charles François Dumouriez, o mais notório traidor da Revolução, serviu de justificativa para os processos que culminaram com a proscrição das lideranças moderadas. Em abril de 1794, Georges Jacques Danton foi guilhotinado.

Com a queda dos girondinos, Robespierre assumiu a chefia do Comitê de Salvação Pública, tornando-se líder do governo provisório. Sob seu comando, a revolução encampou a defesa de ideais avançados, como a abolição da escravidão, a instituição do sufrágio universal e a gestão autônoma das comunidades através de associações populares. Ao mesmo tempo, sua ascensão foi acompanhada pela repressão implacável aos seus opositores políticos, aristocratas e contrarrevolucionários (reais ou imaginários). Foi o início do chamado "Período do Terror", em que aproximadamente 40 mil pessoas foram guilhotinadas.

Robespierre afastou-se dos hebertistas e dos indulgentes e buscou cooptar o apoio do povo aprovando uma série de medidas de promoção da igualdade social (decretos de fevereiro e março de 1794). Não obstante, sua oposição às ações de Amar, Jagot e Vadier no Comitê de Segurança Geral e o descontentamento com a política financeira conduzida por Pierre-Joseph Cambon desgastaram o apoio dos líderes revolucionários à sua gestão. A imposição do culto ao Ser Supremo também lhe rendeu a desconfiança dos anticlericais. Por fim, o cansaço com a continuidade dos tumultos, as privações e dificuldades materiais inerentes ao processo revolucionário começaram a corroer o apoio popular à insurreição.

Os adversários de Robespierre no Comitê de Salvação Pública aliaram-se então aos antigos dantonistas e iniciaram uma conspiração para depor o líder montanhês. Em 27 de julho de 1794, Robespierre foi preso após a consumação de um golpe organizado por seus adversários na Convenção — girondinos, jacobinos mais moderados e os deputados do chamado "grupo de pântano". Membros da Comuna de Paris ainda se mobilizaram para tentar defendê-lo, mas fracassaram. No dia seguinte, em 28 de julho de 1794, Robespierre foi guilhotinado juntamente com seu irmão Augustin, também membro do Comitê de Salvação Pública, e outros dezessete colaboradores, incluindo Louis Antoine Léon de Saint-Just e Georges Couthon.

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