As "ressurreições" da Coreia do Norte


O mandatário norte-coreano Kim Jong-Un assiste a uma cerimônia de comemoração do ano-novo lunar em companhia de sua tia, Kim Kyong-Hui — a senhora de óculos na primeira fileira, à direita. Pyongyang, janeiro de 2020. Conforme noticiado pela imprensa ocidental, Kim Kyong-Hui teria sido executada por envenenamento a mando de seu sobrinho sete anos antes, em dezembro de 2013.

Kim Kyong-Hui está longe de ser a primeira pessoa a "ressuscitar" na Coreia do Norte. O país, alvo preferencial dos boatos mais bizarros inventados pela narrativa anticomunista da imprensa ocidental, acumula mais histórias de "ressurreições" do que os quadrinhos da Marvel.

Em 2013, a imprensa ocidental noticiou a morte de Hyon Song Wil, uma artista norte-coreana que teria sido namorada de Kim Jong-Un. Republicando informações repassadas pela agência sul-coreana Chosun Ilbo, a imprensa ocidental relatou que Hyon Song Wil teria sido flagrada vendendo vídeos pornográficos e, por esse motivo, o mandatário norte-coreano ordenou que fosse executada por um pelotão de fuzilamento. Entretanto, a artista reapareceu vivinha da silva algumas semanas depois em um evento em Seul, na Coreia do Sul.

Em 2015, foi a vez do Ministro da Defesa da Coreia do Norte, Hyon Yong-Chol. As agências ocidentais se escandalizaram diante do trágico destino do burocrata. Hyon Yong-Chol teria sido flagrado cochilando durante uma cerimônia militar, justamente quando Kim Jong-Un proferia um discurso. Indignado com a insolência, o líder norte-coreano teria ordenado que Hyon Yong-Chol fosse executado por uma bateria de armas antiaéreas. O caso virou notícia até no Jornal Nacional, mas foi desmentido quando o ministro reapareceu vivo em uma cerimônia transmitida pela televisão da Coreia do Norte duas semanas depois.

Em 2016, veículos de imprensa ocidental noticiaram que o chefe do Estado-Maior do exército norte-coreano, Ri Yong Gil, fora executado a mando de Kim Jong-Un, sob a acusação de "proselitismo, abuso de autoridade e corrupção". O caso foi fartamente coberto pela rede de televisão estadunidense CNN, que chegou a afirmar ter confirmado a história com fontes anônimas do governo norte-coreano. Três meses depois, entretanto, Ri Yong Gil apareceu vivo durante um evento do Partido do Trabalho da Coreia.

Duas novas "ressurreições" ocorreram em 2019, após a imprensa ocidental relatar que o diplomata norte-coreano Kim Yong Chol e um outro negociador teriam sido executados a mando de Kim Jong-Un, que teria ficado insatisfeito com a inabilidade diplomática da dupla durante as negociações com os Estados Unidos. Três dias depois de ter sua "morte" confirmada pelas agências de notícias ocidentais, entretanto, Kim Yong Chol apareceu em uma transmissão ao vivo da televisão norte-coreana. O outro diplomata "ressurgiu" alguns dias depois, acompanhando o próprio Kim Jong-Un em um evento artístico.

Em abril de 2020, foi a vez do próprio Kim Jong-Un "ressuscitar", após o site estadunidense TMZ assegurar que o mandatário havia morrido por complicações decorrentes de uma cirurgia cardíaca. Posteriormente, uma revista japonesa "corrigiu" a informação, esclarecendo que o líder norte-coreano não havia morrido, mas estava em estado vegetativo. Kim Jong-Un reapareceu em perfeito estado de saúde no mês seguinte.

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