O Lampião da Esquina

Capa do jornal "O Lampião da Esquina", lançado em julho de 1979, destacando uma entrevista com Luís Inácio Lula da Silva sobre o movimento operário e as greves do ABC Paulista.

"O Lampião da Esquina" foi o primeiro periódico LGBT de alcance nacional a circular no Brasil. O veículo foi fundado em abril 1978, no contexto de ressurgimento da imprensa alternativa que caracterizou o período da "distensão" — isso é, o arrefecimento da repressão e das medidas restritivas, operado de forma gradual pela ditadura militar a partir do governo de Ernesto Geisel. A revogação da censura prévia e o restabelecimento das garantias civis permitiu o fortalecimento dos movimentos sociais, que por sua vez se apoiavam na construção de uma mídia contra-hegemônica para difundir suas ideias.

A fundação do jornal constitui um marco dos movimentos civis LGBT no Brasil. O periódico foi idealizado por João Antônio Mascarenhas, que convidou Winston Leyland, editor da publicação LGBT estadunidense "Gay Sunshine", para realizar uma série de conferências no Brasil. Inspirado no trabalho editorial de Leyland, Mascarenhas convidou Darcy Penteado, Adão Costa, Aguinaldo Silva, Antonio Chrysóstomo, Clóvis Marques, Francisco Bittencourt, Gasparino Damata, Jean-Claude Bernardet, João Silvério Trevisan e Peter Fry para formar o conselho editorial da nova publicação.

Ao todo, o jornal publicou 37 edições regulares e três edições extras entre abril de 1978 e junho de 1981. Sediado no Rio de Janeiro, tinha uma tiragem média de 15 mil exemplares. Possuía formato tabloide e uma série de editoriais e colunas fixas ("Cartas Na Mesa", "Esquina", "Reportagem", "Bixórdia", etc.), além de matérias especiais, entrevistas e agenda cultural.

O veículo teve grande importância para a afirmação da identidade LGBT e para a articulação da defesa das pautas das minorias, além de se dedicar a combater estereótipos negativos e denunciar comportamentos homofóbicos e de perseguição aos homossexuais e transexuais. Abordava igualmente o contexto político da sociedade, afirmando-se com um periódico de esquerda, participando da oposição à ditadura militar, apoiando a causas operárias, o movimento grevista e os demais movimentos sociais ligados às causas das minorias.

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