Tesouros do Museu Nacional: a Coleção Werner
Amostras de minerais pertencentes à Coleção Werner, raro acervo mineralógico que compunha as coleções científicas originais do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
A Coleção Werner consistia em um lote de 3.326 exemplares mineralógicos que foram reunidos no século XVIII pelo próprio Abraham Gottlob Werner, geólogo alemão que é considerado o pai da mineralogia moderna. Entre 1791 e 1793, Werner catalogou e publicou a coleção, que era constituída por amostras de todas as espécies minerais até então conhecidas. A Coleção Werner correspondia, dessa forma, ao primeiro acervo mineralógico moderno classificado, tendo enorme importância científica e histórica.
Em 1805, o Reino de Portugal enviou emissários para a Alemanha para negociar a compra da coleção, adquirida junto a Carl Eugenius Pabst von Ohain, um funcionário da Academia de Minas de Freiberg. A aquisição, efetuada por ordem de Antônio de Araújo Azevedo, Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, visava ampliar o acervo mineralógico do Real Museu de História Natural de Lisboa. A coleção, entretanto, era cobiçada pelo imperador francês Napoleão Bonaparte, que havia deixado ordens expressas para as pedras fossem confiscadas após a invasão de Portugal.
Para evitar que a preciosa coleção fosse saqueada pelos franceses, Dom João VI a trouxe consigo para o Brasil durante a transferência da corte portuguesa em 1808. Após desembarcar no Rio de Janeiro, a Coleção Werner foi incorporada ao acervo da Real Academia Militar (atual Instituto Militar de Engenharia), onde foi utilizada como base para as aulas práticas de geologia. Durante esse período, quase duas mil peças despareceram da coleção, furtadas ou extraviadas após empréstimos não registrados efetuados pela academia.
Em 1818, as amostras que restavam foram transferidas para o acervo do Museu Nacional, tornando-se uma das primeiras coleções científicas da instituição. As amostras restantes da Coleção Werner permaneceram preservadas no museu por 200 anos, até o incêndio de 2 de setembro de 2018. Alguns minerais foram resgatados nos trabalhos de rescaldo, mas estima-se que mais de 70% da coleção remanescente se perdeu.
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