A Confederação dos Tamoios
"O Último Tamoio", pintura a óleo sobre tela do artista baiano Rodolfo Amoedo, produzida em 1883. Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. A obra retrata a morte de Aimberê nos braços do padre José de Anchieta. Aimberê foi o chefe dos índios Tupinambá (ou Tamoios) e líder da revolta indígena denominada Confederação dos Tamoios, que se estendeu de 1554 a 1567.
Filho do cacique Cairuçu, Aimberê foi aprisionado com seu pai e levado para a Capitania de São Vicente (hoje São Paulo) para servir como escravo nas fazendas de Brás Cubas. Seu pai morreu no cativeiro, vitimado pelos maus tratos dos escravagistas, mas Aimberê conseguiu fugir e organizar um ataque que permitiu a libertação dos demais indígenas cativos. Aimberê uniu as lideranças de sete grupos indígenas distintos que habitavam a faixa litorânea do Sudeste brasileiro (incluindo os Guaianazes, os Aimorés e os Termiminós), convencendo-os a se juntarem à resistência aos colonizadores portugueses. Nascia então a Confederação dos Tamoios.
A princípio, a Confederação foi comandada pelo cacique Cunhambebe. O cacique aceitou a oferta de ajuda dos franceses, liderados por Villegagnon, que ofereceram armamentos para que os indígenas combatessem os portugueses. Os franceses pretendiam auxiliar os Tupinambás a expulsarem os portugueses para então se apoderarem de suas colônias no Brasil. Não obstante, uma terrível epidemia atingiu os Tupinambás, ceifando a vida de vários guerreiros do grupo, incluindo o cacique Cunhambebe.
Aimberê assumiu então a liderança da Confederação dos Tamoios e se esforçou para convencer os Tupiniquins a se aliarem à rebelião contra os portugueses. Entretanto, durante um contato entre os grupos, o cacique Tibiriçá, líder dos Tupiniquins, declarou sua fidelidade à coroa portuguesa e matou o sobrinho de Aimberê, desencadeando um conflito que dizimou grande parte da tribo dos Guaianazes. Os Tupinambás reagiram matando o filho do governador geral da colônia, Fernão de Sá.
Em 1563, o padre jesuíta José de Anchieta mediou um cessar-fogo entre os Tupinambás e os portugueses - o armistício de Iperoig. A trégua durou pouco e os conflitos escalonaram para combates cada vez mais sangrentos. Os Tupinambás resistiram aos ataques portugueses e lograram diversas vitórias contra os colonizadores por mais três anos. Mas o governador Mem de Sá, decidido a acabar com a revolta indígena, passou a ampliar suas milícias com reforços e armamentos cada vez mais sofisticados. Eventualmente, os portugueses conseguiram anular a superioridade dos indígenas em combates corpo a corpo. Passaram a realizar ataques sistemáticos e violentos aos Tupinambás, destruindo uma a uma suas posições, até isolá-los em único reduto de resistência.
Em 20 de janeiro de 1567, no litoral sul do Rio de Janeiro, deu-se o confronto final entre Tamoios e portugueses. Flechas e bordunas contra canhões e escopetas. Após dois dias de combate, as areias do litoral fluminense estavam tingidas de sangue, o último reduto dos Tamoios estava devastado e todas as suas lideranças, incluindo Aimberê, tinham sido abatidas. Suas cabeças foram decepadas e fincadas em lanças como uma mensagem dos colonizadores aos nativos: "rebeliões não serão toleradas"
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