Juramento do Jogo da Péla


Há 232 anos, em 20 de junho de 1789, ocorria o Juramento do Jogo da Péla, marco inicial da Revolução Francesa.

Assolada por crises financeiras, déficit interno e dívida externa galopantes, falência das fábricas e pela Grande Fome de 1787-1789, a França estava à beira do colapso. O Rei Luís XVI convocou então a Assembleia dos Estados Gerais para discutir os problemas do país. Os Estados Gerais eram as três classes sociais em que a sociedade francesa se dividia. O Primeiro Estado, ou Alto Clero, era composto pelas autoridades eclesiásticas. O Segundo Estado, ou Nobreza, era formado pela monarquia e pelos aristocratas, palacianos e cortesãos. O Terceiro Estado representava o grosso da população: 98% dos franceses, incluindo os burgueses, o baixo clero, os camponeses sem terra e os "sans-culottes" (artesãos, aprendizes, proletários, etc.).

Mesmo representando a maioria esmagadora da população, o poder político do Terceiro Estado era solapado pela convergência dos votos do Clero e da Nobreza, unidos pela manutenção dos seus privilégios. Assim, o Terceiro Estado pressionou a Assembleia a contabilizar os votos por deputado, e não por estamento. O Rei Luís XVI se negou a fazer quaisquer alterações e, irritado com os questionamentos, dissolveu a assembleia. Em resposta, os deputados do Terceiro Estado se rebelaram e decidiram criar sua própria Assembleia Nacional, elegendo Honoré Gabriel Riqueti, o Conde de Mirabeau, como líder.

Na manhã do dia 20 de junho, ao comparecerem à Câmara para iniciar as discussões, os deputados do Terceiro Estado encontraram a porta trancada e guardada por soldados do rei. Acreditando na possibilidade de uma retaliação iminente de Luís XVI, os deputados decidiram realizar uma reunião de emergência em outro local. Um dos membros do Terceiro Estado, Joseph-Ignace Guillotin (médico que pouco tempo depois emprestaria seu nome à guilhotina), sugeriu que os deputados se reunissem em um salão de jogo de péla no distrito de Saint-Louis, perto do Palácio de Versalhes.

Neste local, 576 dos 577 membros do Terceiro Estado fizeram um juramento coletivo, prometendo que não se separariam e que se reuniriam sempre que as circunstâncias exigissem. Também juraram formar uma Assembleia Constituinte visando fundar uma legislação que limitasse o poder absolutista do rei e fosse guiada pelos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade - que se tornariam os lemas da Revolução Francesa. Nesse mesmo salão, no mês seguinte, os membros do Terceiro Estado formariam uma nova Guarda Nacional e então partiriam para a Tomada da Bastilha, dando início ao processo revolucionário e à queda da monarquia.

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