O Golpe de 1954 na Guatemala


Milicianos apoiados pelos Estados Unidos chegam à cidade de Chiquimula, Guatemala, para auxiliar na concretização do golpe de Estado.

Há 67 anos, em 18 de junho de 1954, tinha início a Operação PBSUCCESS, uma operação secreta coordenada pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) com o objetivo derrubar o presidente democraticamente eleito da Guatemala, Jacobo Arbenz Guzmán. A operação resultou no fim da Revolução Guatemalteca e na instalação da brutal ditadura militar de Carlos Castillo Armas. Também marcou o início de uma longa tradição de golpes militares apoiados pelos Estados Unidos na Guatemala e no restante da América Latina.

Deflagrada em outubro de 1944 após uma série de protestos urbanos que encerraram uma das mais repressivas e duradouras ditaduras das Américas, a Revolução Guatemalteca (1944-1954) foi um período de dez anos marcado por amplas conquistas sociais para o povo da Guatemala. Sob o comando do presidente Jacobo Arbenz Guzmán, o país instituiu uma rede de programas sociais que visavam melhorar a distribuição de renda, reduzir a miséria e integrar a população indígena à rede de proteção social do Estado. Guzmán também apresentou um ambicioso plano de reforma agrária, visando substituir o modelo de latifúndios monocultores pela agricultura familiar, com a distribuição de terras para milhares de famílias de camponeses.

A Revolução Guatemalteca acendeu o alerta vermelho no governo dos Estados Unidos, que temia que as reformas na Guatemala pudessem aproximar o país das ideias socialistas ou da esfera de influência da União Soviética. Além disso, a reforma agrária proposta por Guzmán antagonizava os interesses da multinacional estadunidense United Fruit Company, dona de vastas extensões de terra no país, bem como os interesses oligárquicos das elites empresariais dos dois países.

O presidente estadunidense, Dwight D. Eisenhower, ordenou então que a CIA orquestrasse o golpe de Estado, colocando em execução um protocolo que já havia sido preparado anos antes, no governo de Harry Truman. A operação foi conduzida por um "exército de libertação" composto por 400 milicianos fortemente armados e treinados pela CIA, liderados por um oficial do exército da Guatemala, o coronel Carlos Castillo Armas, e apoiados pelo establishment político, econômico e pelos órgãos diplomáticos do governo dos Estados Unidos. Derrubado o presidente Guzmán, o coronel Carlos Castillo Armas autoproclamou-se ditador da Guatemala e instituiu um programa de governo subserviente aos interesses dos Estados Unidos.

O Golpe de Estado de 1954 na Guatemala instituiu um período de mais de quatro décadas de instabilidade política, repressão governamental e conflitos civis que causaram a morte e o desaparecimento de mais de 140.000 cidadãos guatemaltecos, o extermínio de comunidades indígenas inteiras e o agravamento da concentração de renda e dos problemas sociais do país.

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