Operação Barbarossa

Em 22 de junho de 1941, tinha início a Operação Barbarossa, codinome dado à invasão da União Soviética pelos exércitos da Alemanha nazista e demais potências do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial.

A invasão da União Soviética começou a ser planejada pelo alto comando militar alemão em meados de 1940, mas já havia sido aventada por Adolf Hitler uma década e meia antes, em sua autobiografia "Mein Kampf", de 1925. O antibolchevismo de Hitler consistia em sua convicção mais sólida e o interesse em destruir o governo soviético — visto como símbolo máximo das realizações materiais do ideário socialista — sempre permeou suas ações. Além de nutrir um ódio hidrofóbico ao socialismo e à União Soviética, o líder nazista enxergava os eslavos e demais etnias que habitavam o território soviético como "raças inferiores".

Hitler planejava anexar a porção europeia da União Soviética ao território alemão, ampliando o "Lebensraum" — o "espaço vital do povo ariano". A anexação do território soviético também concederia à Alemanha o controle sobre as reservas de petróleo do Cáucaso e os recursos minerais e agrícolas das estepes ocidentais. A população eslava seria substituída por colonos alemães e utilizada como força de trabalho escravo em campos de concentração. Inicialmente, o líder nazista pretendia lançar a ofensiva contra a União Soviética após consolidar a vitória na Frente Ocidental. A incorporação dos Países Bálticos pela União Soviética e a ocupação da Bessarábia e da Bucovina, entretanto, incitaram o temor de que os soviéticos se apoderassem dos campos de petróleo romenos dos quais a Alemanha dependia. Hitler decidiu então iniciar uma frente de batalha paralela no Leste Europeu.

A campanha nazista recebeu o nome de "Operação Barbarossa", em referência a Frederico Barbarossa, imperador do Sacro Império Romano-Germânico que buscou estabelecer a hegemonia germânica sobre a Europa no século XII. Hitler repetiu a estratégia utilizada contra a França em 1940, estabelecendo três grupos de tropas da Wehrmacht (Forças Armadas da Alemanha) que atacariam a União Soviética simultaneamente. O Grupo de Exércitos Norte, comandado por Wilhelm von Leeb, avançaria pelos Países Bálticos em direção a Leningrado. Paul Ludwig von Kleist lideraria o Grupo de Exércitos Sul, incumbidos de tomar a Ucrânia e prosseguir até o litoral do Mar Negro e do Mar de Azove. Já o Grupo de Exércitos Centro, chefiado por Fedor von Bock, avançaria rumo a Smolensk e posteriormente Moscou.

A campanha teve início em 22 de junho de 1941 e permanece até hoje como a maior força de invasão da história. Foram mobilizados quase quatro milhões de soldados, provenientes da Alemanha, Itália, Finlândia, Romênia, Hungria, Eslováquia e Croácia. Tropas do Eixo atacaram simultaneamente o território soviético em uma frente de 2.900 quilômetros de extensão. A operação compreendia 180 divisões militares (incluindo 19 Divisões Panzer), 600 mil veículos, 3.300 blindados, 7.000 peças de artilharia, 700 mil cavalos e 2.500 aeronaves. Convictos da vitória, Walther von Brauchitsch, comandante do exército, e Franz Halder, chefe do Estado-Maior, asseguraram a Hitler que a União Soviética seria derrotada em dois ou três meses e que até o final de outubro os alemães teriam conquistado toda a porção europeia do país. Os estrategistas alemães também previam que a população civil soviética não se mobilizaria contra — ou até apoiaria — a invasão.

A gigantesca frente ofensiva surpreendeu os oficiais soviéticos e forçou o Exército Vermelho a recuar. Em apenas um mês, os alemães capturaram mais de 500 mil soldados, desfalcando severamente a capacidade de defesa dos soviéticos. Após uma sequência de importantes vitórias militares, as tropas nazistas avançaram até 640 quilômetros. As consequências foram devastadoras. Aproximadamente cinco milhões de soviéticos foram mortos na invasão. Milhares de cidades e vilarejos foram completamente obliterados. Os civis foram submetidos a todo tipo de abuso, massacre e chacina. Utilizou-se deliberadamente a violência sexual como arma de guerra, registrando-se centenas de milhares de estupros coletivos cometidos contra mulheres de todas as idades, de crianças a idosas. A população judia soviética foi quase exterminada e a capacidade militar do país também foi gravemente afetada, com a destruição de 20 mil blindados e 21 mil aeronaves.

O alto comando alemão, entretanto, havia subestimado a capacidade de resistência e reação dos soviéticos. Ao contrário dos franceses, os soldados do Exército Vermelho demonstraram enorme persistência, atrasando substancialmente o avanço alemão. A população civil soviética também se engajou fortemente na batalha contra os invasores, compondo destacamentos de partisans que atacavam e sabotavam as tropas da Wehrmacht. Malgrado as enormes perdas iniciais, o Exército Vermelho conseguiu se recompor em pouco tempo, criando 200 novas divisões em apenas dois meses e iniciando o deslocamento das unidades estacionadas na porção oriental do território. Os soviéticos neutralizaram os avanços alemães já em 1942 e a partir de 1943 iniciaram uma avassaladora contraofensiva que dizimou as forças da Wehrmacht, expulsando a Alemanha de todos os territórios ocupados no Leste Europeu. E o incrédulo oficialato nazista, que acreditava que as tropas alemães estariam marchando em Moscou já no natal de 1941, testemunhariam, quatro anos depois, o Exército Vermelho tomando Berlim.


Um semilagarta SdKfz 250 em frente a um conjunto de blindados alemães, durante os preparativos para um ataque contra unidades militares soviéticas em 21 de julho de 1941.



Soldados alemães avançam por um vilarejo soviético acompanhados de um veículo blindado de transporte de pessoal durante a Operação Barbarossa.



Soldados soviéticos aprisionados passam do lado de uma coluna de soldados alemães durante a Operação Barbarossa.



Uma senhora chora ao observar os destroços do que uma dia foi sua casa. Leningrado, União Soviética, 1942.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Othon Pinheiro, Lava Jato e Programa Nuclear Brasileiro

Explosão da Base de Alcântara

Evolução do PIB per capita da antiga União Soviética