Operação Bagration

Operação Bagration - o verdadeiro "Dia D":

Em 22 de junho de 1944, tinha início a Operação Bagration, codinome dado à mais decisiva campanha militar empreendida pelo Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. A operação se estendeu por quase dois meses e consolidou de forma definitiva a reação vitoriosa da União Soviética no combate contra as tropas nazistas — uma tendência que já se delineava desde as bem sucedidas campanhas ocorridas no ano anterior. A Operação Bagration foi a maior derrota militar sofrida pela Alemanha em toda sua história e aniquilou as esperanças de vitória do oficialato nazista.

Exatamente três anos antes do início da Operação Bagration, em 22 de junho de 1941, a União Soviética fora invadida pelas tropas da Wehrmacht — as forças armadas da Alemanha nazista. A ofensiva, denominada Operação Barbarossa, mobilizou quase quatro milhões de soldados da Alemanha e de outros países do Eixo, dispostos ao longo de uma frente de 2.900 quilômetros de extensão, auxiliados por 600 mil veículos e 2.700 aeronaves. Seguiu-se um impressionante avanço das tropas nazistas, que tomaram alguns dos mais importantes centros industriais soviéticos e capturaram um enorme contingente de soldados do Exército Vermelho. Mais de 70 mil vilarejos foram destruídos e cinco milhões de soviéticos morreram durante o ataque. O chanceler alemão Adolf Hitler havia estabelecido um prazo de um quadrimestre para a captura de Moscou e se animou diante do rápido avanço das unidades da Wehrmacht.

Os soviéticos, entretanto, logo surpreenderiam o alto comando nazista com sua capacidade de resistência. O embates previstos para durar quatro meses se estenderam por quatro anos. O Exército Vermelho conseguiu se recompor de suas baixas iniciais, organizando 200 novas divisões e conformando a maior força militar do mundo, com 10 milhões de soldados. A população soviética também se engajou fortemente no conflito, compondo os destacamentos de partisans para enfrentamento aberto e de guerrilha e reforçando a produção do esforço industrial de guerra, acelerando a produção de aeronaves e blindados. A mobilização rendeu frutos. Já em 1942, os soviéticos neutralizaram o avanço alemão. Leningrado seguiu resistindo ao cerco nazista e Moscou obrigou os invasores a recuarem. Em 1943, o Exército Vermelho obteve uma sequência de vitórias estratégicas em Stalingrado e Kursk, causando um grande número de baixas e enorme desgaste às forças da Wehrmacht, que foram reduzidas a 850 mil homens. Foi nesse contexto que Josef Stalin instruiu a articulação de uma gigantesca campanha militar que assegurasse de forma definitiva a derrota dos invasores.

A operação foi batizada em homenagem a Pyotr Bagration — general que conduziu as tropas russas na guerra contra Napoleão Bonaparte no início do século XIX. Tão massiva era a campanha soviética que o desembarque aliado na Normandia, em comparação, mais pareceria um modesto exercício militar. O Exército Vermelho mobilizou 1,2 milhão de soldados — dez vezes o montante empregado no "Dia D" —, assistidos por 34.000 peças de artilharia, 4.000 blindados e 5.300 aeronaves. Desnorteadas pelo ataque massivo, as unidades alemãs não conseguiram impor resistência significativa e foram subjugadas pelas sucessivas investidas. Em 3 de julho, o Exército Vermelho capturou Minsk, capital da Bielorrússia que ficara por três anos sob domínio alemão. Em seguida, conseguiram neutralizar o abastecimento das tropas alemãs estacionadas nos Países Bálticos. Nas semanas seguintes, conseguiram libertar a Bielorrússia e a maior parte da Polônia do domínio alemão e enfraqueceram o controle nazista sobre a Romênia e a Lituânia.

A Operação Bagration submeteu a Alemanha a uma humilhação militar sem precedentes. O Exército Vermelho aniquilou 28 das 34 divisões do Grupo de Exércitos Centro, dizimando a capacidade ofensiva alemã. Os soldados soviéticos destruíram 2.000 blindados e 57.000 veículos da Wehrmacht e mataram cerca de 500 mil soldados nazistas. Outros 160 mil soldados foram capturados e 300 mil foram isolados no Bolsão da Curlândia. Stalin ordenou que os soldados capturados na operação desfilassem pelas ruas de Moscou na chamada "Marcha dos Vencidos", exibindo-os como troféus de guerra e provocando Hitler ao evocar seu discurso sobre os alemães marcharem na capital russa. A Wehrmacht, por sua vez, nunca mais se recuperaria do colapso causado pela Operação Bagration. A partir da campanha, o oficialato nazista passou a focar seus esforços apenas em tentar impedir o avanço soviético rumo à Alemanha — em vão. Em abril do ano seguinte, o Exército Vermelho adentrou em Berlim, forçando Hitler ao suicídio e obrigando os nazistas à rendição incondicional, encerrando o Terceiro Reich e a guerra na Europa.



Três soldados soviéticos em combate às tropas nazistas nos arredores de Minsk, Bielorrússia, em 3 de julho de 1944, durante a Operação Bagration.



Militares nazistas se rendem aos soldados do Exército Vermelho durante a Operação Bagration, em junho de 1944.



Lançadores de foguetes Katyusha atacam unidades alemãs durante a Operação Bagration, em junho de 1944.



Soldados do Exército Vermelho atacam um posto militar nazista durante a Operação Bagration, em 1944.



Soldados do Exército Vermelho transportam um blindado camuflado através de um rio durante a Operação Bagration, em 1944.



Soldados do Exército Vermelho cruzam o rio usando uma ponte improvisada com destroços durante a Operação Bagration.



Soldados soviéticos em Polotsk, Bielorrússia passam ao lado de um cartaz celebrando a libertação da cidade e instando os civis a apoiarem a libertação dos Países Bálticos do domínio nazista.




Partisans soviéticos envolvidos na Operação Bagration.




Soldados nazistas capturados pelo Exército Vermelho durante a Operação Bagration.

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