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O tango e o apagamento histórico da herança cultural negra na Argentina

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Capa de partitura da canção "De La Vida Milonguera", tango para piano do compositor argentino Augusto Berto, de 1912. O tango é uma das expressões culturais latinas mais conhecidas, muito apreciada em todo o mundo pelo caráter cênico de suas coreografias complexas, bem como pelo seu estilo musical único, caracterizado pelo ritmo sincopado e compassos binários. Surgido no fim do século XIX na região do Rio da Prata, o tango começou a ser exportado para a Europa no começo do século XX, tornando-se uma febre em cidades como Paris, Londres e Berlim. Posteriormente, chegou a Nova York, incorporando-se ao repertório das grandes gravadoras e da indústria cultural de massa, ganhando em seguida fama mundial. O tango daria origem a uma série de variações e influenciaria diversos outros estilos musicais — incluindo o maxixe brasileiro. Sua coreografia, imbuída de expressão emotiva, misturando paixão, melancolia e tristeza, também revolucionou a dança de salão — e levou o compositor Enri

Acordos MEC-USAID

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Estudantes protestam contra os Acordos MEC-USAID, após a revelação de que o governo dos Estados Unidos havia ditado a reforma educacional implementada pela ditadura militar brasileira. São Paulo, 1966. A deposição de João Goulart no golpe de Estado de 1964 e a subsequente instauração da ditadura militar propiciaram uma série de modificações nas políticas públicas brasileiras que visavam subordinar o país aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos. Desde o início dos anos sessenta, o governo estadunidense já buscava intervir na política brasileira, mobilizando os setores liberais e conservadores através da ação de think tanks ligados à CIA — o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e o Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPES). Essas organizações tiveram papel fundamental em articular a ruptura institucional, financiando campanhas antigovernistas, cooptando parlamentares e organizações conservadoras e articulando grandes protestos populares. Por fim, o go

Pravda

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Poucos veículos de imprensa tiveram um impacto histórico tão grande quanto o jornal Pravda. Fundado em Moscou em 1903, o periódico foi o principal meio de difusão dos ideais revolucionários entre os operários russos e ajudou a mobilizar as massas para a Revolução de Outubro de 1917. Posteriormente, o Pravda se transformou no órgão oficial de imprensa do Partido Comunista da União Soviética e chegou a ser o jornal de maior circulação do mundo, com uma tiragem superior a 10 milhões de exemplares diários. O Pravda ("Verdade" em língua russa) foi fundado por iniciativa de Vladimir Aleksandrovich Kozhevnikov, um afluente engenheiro ferroviário, a princípio como um jornal especializado em arte e literatura. Seu conselho editorial agregava intelectuais do porte de Alexander Bogdanov, Mikhail Pokrovski, Ivan Skvortsov-Stepanov e Nikolai Aleksandrovich Rozhkov, entre outros. Em meio ao clima de agitação social e organização política do movimento operário após a Revolução de 1905, vári

David Dushman

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David Dushman, soldado do Exército Vermelho e veterano da Segunda Guerra Mundial, exibe suas medalhas e condecorações. Falecido em 5 de junho de 2021, aos 98 anos de idade, Dushman era o último sobrevivente da divisão soviética que libertou o campo de extermínio nazista de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945. Ele foi responsável por conduzir o blindado que derrubou a cerca elétrica de Auschwitz e ajudou a resgatar sete mil prisioneiros. David Dushman nasceu em uma família de origem judaica na Cidade Livre de Danzigue (atual Gdansk, Polônia), em 1º de abril de 1923. Após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Dushman se ofereceu como voluntário ao Exército Vermelho. Ao lado dos soviéticos, derrotou as tropas nazistas na Batalha de Stalingrado e na Batalha de Kursk e tomou parte da contra-ofensiva que dizimou os Exércitos Centro da Wehrmacht, expulsando as tropas alemãs do Leste Europeu (Operação Bagration). Em 2015, Dushman recordou a libertação de Auschwitz em uma entrevista ao jornal al

Museu Nacional

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Fundado no Rio de Janeiro em 6 de junho de 1818, o Museu Nacional é a mais antiga instituição científica do Brasil. O museu se destacou desde o século XIX por seu vasto e precioso acervo — o maior da América Latina em história natural e antropologia. Seu acervo englobava mais de 20 milhões de peças, subdivididas em coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia. Não obstante, em 2 de setembro de 2018, pouco tempo após as comemorações do bicentenário do museu, um incêndio devastador destruiu mais de 90% do acervo e os ambientes históricos de sua sede, o Palácio de São Cristóvão. O Museu Nacional é o sucessor das coleções amealhadas pela Casa de História Natural, a chamada de "Casa dos Pássaros" — gabinete de ciências naturais fundado no Rio e Janeiro em 1784 pelo Vice-Rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa, seguindo ordens da rainha de Portugal, Dona Maria I. A instituição abrigava amostras das "riquezas da terra"

O Louvre na Segunda Guerra Mundial

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A Grande Galeria do Museu do Louvre, totalmente esvaziada de suas obras de arte, no início da Segunda Guerra Mundial. Paris, França, 1939. Prevendo o risco de destruição por bombardeios ou de pilhagem numa eventual invasão da França pelos nazistas, o diretor do departamento dos museus nacionais da França, Jacques Jaujard, ordenou que o Museu do Louvre - detentor da mais abrangente coleção de arte ocidental do mundo - fosse totalmente esvaziado. Em 25 de agosto de 1939, o museu fechou as portas e iniciou-se a transferência das obras de arte para o Castelo de Chambord. Foram utilizados 203 caminhões e quase 2.000 caixotes de madeira na operação. Os caixotes de madeira tinham marcações com a identificação da importância das peças contidas em seu interior: um círculo verde para obras valiosas, um círculo amarelo para obras muito valiosas e um círculo vermelho para tesouros da humanidade. O caixote que transportou a "Mona Lisa" de Leonardo da Vinci, por exemplo, estava marcado com

Massacre da Candelária

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A educadora Yvonne Bezerra de Mello conforta um grupo de crianças de rua, sobreviventes do Massacre da Candelária. Rio de Janeiro, 23 de julho de 1993. A praça em frente à Igreja da Candelária, na região central do Rio de Janeiro, costumava servir de abrigo a um grupo de aproximadamente 70 moradores de rua, entre crianças e adolescentes. Numa madrugada de inverno de 1993, um táxi e um Chevette com placas cobertas pararam no local e abriram fogo contra o grupo. Oito pessoas morreram, dos quais seis eram menores de idade. Vários outros ficaram feridos. A vítima mais jovem era Paulo Roberto de Oliveira, de onze anos. As crianças eram atendidas por um projeto social chamado "Escola sem Portas nem Janelas", mantido pela educadora Yvonne Bezerra. Ela foi a primeira pessoa contatada pelos sobreviventes e também a primeira a chegar ao local. As investigações apontaram para o envolvimento de sete homens. Entre os suspeitos, estavam um ex-policial militar (Marcus Vinícius Emmanuel Borg